terça-feira, outubro 31, 2006

Vacina vs. MRSA




Aqui está, mais uma tentativa para eliminar o Staphylococcus aureus!





Um passo dado por cientistas americanos pode fazer-nos chegar mais próximos de uma vacina contra o famigerado Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Este microorganismo, bem conhecido pelas infecções nosocomiais que provoca, tem já uma longa história de resistências aos antibióticos. Relembrando um pouco a terapêutica contra este microorganismo: no caso de termos uma estirpe ainda meticilina-susceptível, é administrado ao doente uma penicilina de largo espectro, como uma amoxicilina ou uma ampicilina; para as infecções por MRSA, é utilizada a vancomicina (ou em sua substituição a teicoplanina, por exemplo, quando o doente não possui acessos venosos para uma administração IV visto que a teicoplanina pode ser administrada por IM); e no caso das estirpes resistentes à vancomicina, cá está o nosso linezolide em acção, que tem como vantagem (para além do seu largo espectro contra gram +) o facto de poder ser utilizado por via oral.

Voltando de novo à vacina, os investigadores da Universidade de Chicago pesquisaram o genoma deste microorganismo para identificar proteínas susceptíveis de originarem uma resposta imunitária, tendo identificado quatro antigénios de seus nomes IsdA, IsdB, SdrD, e SdrE. Estes antigénios foram então ensaiados num modelo animal, em concreto murganhos, e provocaram uma resposta imunitária com formação de anticorpos, com taxas de imunização entre 60 e 100% quando administrados concomitantemente.

Embora não tenha tido acesso a este artigo (ainda só ocorreu a publicação on-line, e não está disponível para todos), já há críticas ao trabalho, nomeadamente o facto importante de este estudo ter sido realizado com apenas algumas estirpes de MRSA (em particular, estirpes específicas dos EUA). Existem diversas famílias de MRSA, e dentro de cada família várias estirpes, pelo que os antigénios escolhidos deveriam ser comuns ao maior número de estirpes possível.

O linezolide, contudo, espera que este seja mais um passo para o controlo das infecções pelo Staphylococcus aureus!

quarta-feira, outubro 25, 2006

Estudo da EMEA sobre AINES

Actualmente corre uma circular no infarmed acerca de um estudo que a Comissão de Medicamentos de Uso Humano da EMEA realizou para avaliar a relação risco/benefício dos medicamentos AINEs não selectivos (ex.: ibuprofeno, aspirina, piroxicam, diclofenac...).
A conclusão refere-se a três pontos fundamentais:

a) os AINEs não selectivos são fundamentais como terapêutica de escolha para atrites reumatóides e outras situações de dor.

b) estes mesmos AINEs não selectivos aumentam, embora em pouco, o risco absoluto de doenças trombóticas, especialmente quando em terapêutica que requer doses elevadas e tempo prolongado.

c) a relação risco-benefício em relação a estes medicamentos é favorável desde que o seu uso esteja de acordo com o perfil de segurança do medicamento e também com os factores de risco do doente.


Estas conclusões foram tiradas com base num estudo epidemiológico e dados clínicos de pacientes (especialmente em relação a dados de segurança cardiovascular). Isto porque surgiu a dúvida da existência de benefício do uso destes medicamentos no seu uso prolongado e em doses mais elevadas, em relação à possível ocorrência de situações tromboembólicas (como AVCs).
Como nota, deixo também a informação que ainda prossegue a avaliação da relação risco/benefício, do mesmo género, para o piroxicam. Além disto, esta comissão re-avaliou o uso dos AINEs selectivos da cox-2 (os célebres -coxibes), concluíndo que se recomenda ainda o seu uso na dose menor e eficaz, durante curtos períodos de tempo necessários para o efeito pretendido.

De qualquer maneira, apesar deste estudo e destas conclusões, os AINEs não selectivos permanecem ainda debaixo de olho desta comissão.

Como nota nº2, recomendo a leitura rápida por aqui acerca dos diferentes tipos de AINEs que existem, até porque relembra alguma farmacologia e sobretudo porque acho que está suficientemente bem explicado para só relembrar o efeit destes fármacos.

domingo, outubro 22, 2006

Notícias!

Notícias do mundo da saúde, há que estar atento ao que se passa à nossa volta!

1º - O Ministério da Saúde pretende que os medicamentos para algumas patologias, SIDA, Cancro, e Hepatite C, passem a ser administrados nas farmácias. Já agora, para começar, fica a dúvida se realmente querem dizer administrar ou dispensar, visto que alguns destes medicamentos são administrados por via oral, e não é necessário um profissional de saúde para os administrar.
Para este tema assenta que nem uma luva o facto de estar a estagiar no hospital! Isto porque na ambulatório da farmácia hospitalar onde estou a estagiar, os principais medicamentos que se dispensam são precisamente para estas doenças. Todos estes medicamentos são assegurados em 100% pelo SNS ou pelos subsistemas de saúde respectivos, e estão sujeitos a legislação específica, indicando quem os pode receitar e os locais onde podem ser dispensados: médicos nas consultas da especialidade, e dispensa na farmácia hospitalar.
Verdade seja dita, estes medicamentos apresentam-se quase todos em formas que são fáceis de administrar pelo prórpio doente, em particular a terapêutica anti-retroviral que é praticamente toda por via oral. Mesmo alguns medicamentos injectáveis, como os interferões, apresentam-se sob a forma de seringas pré-cheias (as chamadas "canetas") para administração sub-cutânea e que não são muito complexas de utilizar. Contudo, a principal vantagem é precisamente o controlo que se tem sobre a terapêutica do doente, em particular a terapêutica anti-retrovial. Isto porque há doentes que não fazem correctamente a terapêutica, e assim que uma destas situações é detectada, é enviada para os grupos de adesão à terapêutica. São terapêuticas bastante caras, pagas por todos os contribuintes e se um doente não a faz correctamente mais vale não a fazer de todo. Numa farmácia comunitária o doente sempre pode ir à farmácia seguinte para lhe dispensarem o medicamento em questão, não havendo por isso um controlo tão eficaz, mesmo considerando a existência da tal folha individual do doente (que ficaremos à espera de perceber como é que será feita).
Para além disso, estas terapêuticas são todas muito caras, pelo que representam um grande investimento da farmácia em stocks. E ainda ficamos por saber se à passagem destes fármacos para a farmácia comunitária, corresponde uma descomparticipação dos medicamentos. Se estas terapêuticas (em particular a anti-retroviral) já são complicadas e susceptíveis à não adesão, o pagamento de uma parte do medicamento pode muito bem fomentar a não adesão à terapêutica.

2º - O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos propôs um pacto na saúde entre médicos, enfermeiros, farmacêuticos e partidos políticos. O objectivo é:
apaziguar a instabilidade que se vive na saúde provocada pelas medidas tomadas pelo ministro da saúde

(Este detalhe da instabilidade gerada pelo ministro é delicioso!!).

O nosso ministro da saúde disse que a ideia era interessante, mas ingénua! Uma ideia interessante mas ingénua?? É claro que não vamos estar à espera que de uma tal reunião resulte a panaceia para todos os problemas da saúde em Portugal, até porque a resolução desses problemas é um dos deveres do ministro. Mas lá que poderia funcionar como uma purificação para alguns problemas da saúde em Portugal, lá isso poderia!

domingo, outubro 15, 2006

Health ketchup, edição nº 3

Olá olá olá caros leitores!! ;-) O tempo (em termos de horas) não tem ajudado aqui ao acto de postar, mas ao longo da semana recolhi alguns artigos que me despertaram o olho crítico e resolvi, neste domingo cinzentinho, postar no blog mais um health ketchup edição nº 3.



  1. Em primeiro lugar tenho que chamar a vossa atenção ao LEF - laboratório de estudos farmacêuticos. É verdade, já ouvimos falar deste laboratório nas aulas de tecnologia IV, mas num âmbito um pouco diferente, pois a senhora que gentilmente nos apresentou este LEF falou essencialmente nas boas práticas de laboratório. (tenho que admitir aqui que essa aula passou-me ao lado: 1º quase nem conseguia ouvir a drª; 2º os slides eram super super desinteressantes e complicados de perceber, 3º foi um dia antes da benção das fitas e foi o reboliço total para por as fitas em dia!) Deste modo, descobri que é a ANF que fundou este LEF e agora este laboratório apresenta-se com algumas renovações. Está situado em Oeiras, no Tagus Park, e é um novo edifício que respeita as GMPs. As funções do LEF?

    Neste laboratório desenvolvem-se estudos de matérias-primas de origem natural e sintética, produtos farmacêuticos de produção industrial ou manipulados e testes in vivo de comportamento de fármacos, bem como novas formulações de medicamentos.

    O LEF tem também como finalidade a criação de novas áreas, tais como os dispositivos médicos, manipulados, dermofarmácia-cosmética, suplementos alimentares e produtos homeopáticos.

    O LEF tem também, como actualização, uma área de regulamentação que contempla a criação de dossier de autorização de introdução no mercado (AIM), onde se prestam apoios neste âmbito e passando também pela análise de mercado, identificação de novas oportunidades de mercado e definição do produto. Acho o LEF uma ideia interessante, que devia ser espalhada pelo país. Talvez essa seja uma ideia futura, enquanto se desenvolve este centro de estudos (já fundado em 1993). Só tenho pena que o LEF não disponha de site online, onde possamos descobrir mais sobre o laboratório e todos os projectos em que se encontra envolvido.
  2. A notícia número dois refere-se à publicação do decreto-lei n.º 195/2006 de 03 Outubro, referente à avalição farmaco-económica prévia , que deve ser obrigatória em relação aos medicamentos escolhidos para o meio hospitalar. O riacardo já tinha falado disto aqui.
  3. Já também falei disto neste blog, mas a notícia de que vos falo desta vez relaciona a preocupação crescente pela tuberculose multi-resistente, que se torna cada vez mais alarmante, com a iniciativa da OMS, Cruz Vermelha e outras associações europeias pela criação de uma aliança para pressionar os governos Europeus para melhor combaterem a tuberculose. O problema tem sido agravado pelo a má utilização dos fármacos antituberculosos de 2ª geração que aumenta a existência de estirpes ultra-resistentes e, obviamente, uma vez associada a doentes de SIDA, o caso torna-se mais negro. O que torna esta situação ainda mais preocupante é que tem-se vindo a verificar que os casos de tuberculose ultra-resistente estão concentrados em países à periferia da Europa.
  4. Ainda como notícia a comentar, o sr. Ministro da Saúde teve a brilhante ideia de dar o seu palpite quanto a fármacos contra a dor. A sua ideia é permitir que as farmácias vendam este tipo de produto (sob a forma de injectável) como objectivo de aumentar a comparticipação do Estado. Estamos a falar dos opiáceos que, a nível hospitalar são fornecidos sob forma injectável e que têm custo zero. O objectivo do ministério da Saúde é tornar mais fácil o acesso destes fármacos aos doentes com condições semelhantes à daqueles presentes nos hospitais, disponibilizando assim de comparticipação do estado. A grande questão é que até hoje as indústrias farmacêuticas fornecem às farmácias opiáceos sob a forma sólida oral (comprimidos), ao invés de injectável. Para isto se modificar, é necessário criar uma AIM para esse produto específico.

sábado, outubro 14, 2006

1000 visitas!!!

Finalmente o linezolide atingiu as 1000 visitas!!!



Muito obrigado aos nossos leitores!! O linezolide vai prosseguir com novos posts, espero que nos acompanhem!!

sábado, outubro 07, 2006

Semana nº1 @ Hospital Egas Moniz


A primeira semana de estágio é sempre um bom tema para postar no linezolide!

Lá riacrdo se apresentou no dia 2 de Outubro às 9.00 da manhã, com uma atribulada viagem de autocarros para chegar a Belém. Este se calhar foi o dia menos interessante da semana: comecei de manhã com uma bela leitura do FHNM e de um livrinho sobre terapêutica anti-retroviral. À tarde, foi uma sessão de corte e costura (a relembrar os velhos tempos quando tínhamos de fazer os magníficos cadernos de lab na fac), para fazer umas quantas etiquetas para uns armários de medicamentos num serviço de cuidados intensivos do hospital. Como saí às 16.30, não fui capaz de fazer tudo (oh que pena que eu tive)!!!!

No dia seguinte lá continuei com a saga etiqueteira, até que à tarde fomos à UCI colar as etiquetas. Entretanto, começaram a explicar-me como funcionava o ambulatório: dar entrada das receitas no computador, procurar os medicamentos nas prateleiras, entregar os medicamentos aos doentes, etc. Pensava eu que me iriam dar muitas lições de cuidados farmacêuticos, mas não! Em relação aos doentes HIV-positivos não se pergunta se está a fazer outra terapêutica para além da anti-retroviral, não se pergunta se está a ter algum problema de reacções adversas, etc. Parece que existe um acordo no hospital médico-farmacêutico, e os farmacêuticos não se metem na terapêutica destes doentes.
Para além destes doentes também aparecem doentes de cancro da próstata (que lá levam a sua goserrelina e/ou bicalutamida), alguns doentes de VHB e de artrite reumatóide.

4ª feira começei logo pelas 9.00 no ambulatório, com receio de fazer alguma coisa errada ("não me deixem sozinho!!!!"), mas até nem correu mal. Entretanto, foram-me dando a conhecer outras funções do farmacêutico hospitalar: a validação das prescrições que vêm dos serviços de internamento. Mais uma vez, fiquei espantado com a quantidade de fármacos a que os doentes são sujeitos por dia, em média 10 a 15 medicamentos diferentes, pelo menos nos serviços de pneumologia e cardiologia! E alguns com várias tomas durante o dia! 2 ou 3 antibióticos, 2 ou 3 fármacos para a hipertensão, o constante omeprazol, heparinas em perfusão, sei lá que mais.
Neste dia também deram-me a conhecer as revertências: quando os doentes trocam de terapêutica ou descontinuam determinado fármaco, a farmácia pede para entregarem o que não usaram. Havia mesmo embalagens que não tinham sido abertas. Com um pequeno cesto de plástico cheio, a farmácia consegui poupar uns bons euritos!

Depois de um feriadozito que veio mesmo, MESMO (!) a calhar, a sexta veio com mais do mesmo: ambulatório, acompanhamento nas validações das prescrições, e também conferência de receitas do ambulatório.

Na minha opinião, a ideia que tínhamos em relação a pouco se fazer no hospital está um pouco errada. Eu não tenho andado propriamente parado, e as pessoas que vejo lá a trabalhar também nunca param. Se bem que ainda estou na primeira semana, e na próxima vou mudar de orientador pelo que o trabalho pode ser muito diferente. E estou bastante motivado para as semanas seguintes, o estágio parece estar bem organizado!

Cara Andie, já que vais passar também pelo HEM, tens aqui uma perspectiva do que será a tua primeira semana!

quinta-feira, outubro 05, 2006

Let's sit down and have a nice cuppa!


Qual rainha Catarina de Bragança, eu também sou um adepto ferveroso do chá! Chá preto, claro está, não há cá coisas estranhas como chás brancos ou dourados!
Uns cientistas ingleses da University College London fizeram um estudo cujos resultados apontam para uma diminuição dos níveis de cortisol, a hormona do stress, nos consumidores regulares de chá preto.
O estudo foi efectuado do seguinte modo: 75 indivíduos do sexo masculino foram divididos em dois grupos, a um dos grupos foi dado de beber uma mistura de chás com aroma de frutos, e ao outro um substituto com cafeína, mas sem as substâncias activas do chá. Após seis semanas de estudo (a bebida era ingerida 4 vezes por dia), os indivíduos foram sujeitos a situações de stress e avaliados em alguns parâmetros: níveis de cortisol, pressão arterial e ritmo cardíaco. Em qualquer dos grupos os aumentos verificados nestes parâmetros foi o mesmo, mas 50 minutos após a situação de stress verificou-se que a redução dos níveis de cortisol era superior no grupo que bebia a mistura de chás: 47% contra 27%.
Como a recuperação lenta de situações de stress está associada a um maior risco de algumas doenças crónicas, como a angina, esta recuperação mais rápida provocada pelo chá preto pode ser útil na diminuição do risco de desenvolvimento de doenças crónicas.
Que bom! Afinal posso abusar um bocadinho mais no meu earl grey, ou no meu darjeeling!

Saldos de MNSRM?

Em dados oficiais, os dez medicamentos (MNSRM) mais vendidos em Portugal (representam 30% do total de volume de vendas nacional), viram o seu preço mais baixo de Julho para Agosto deste ano, numa média de 4%. Este preço baixou devido à possibilidade destes medicamentos serem vendidos fora das farmácias.
E quais são esses top 10 "best sellers"? Aqui vai a resposta:
Os medicamentos em causa são o estimulante do apetite Sargenor 5 (menos 8,7 por cento), Trifene 200, para as dores / dismenorreia primária (menos 7,1 por cento), champô para tratamento de pele e couro cabeludo Nizoral (menos cinco por cento), o antivírico Zovirax (menos 4,9 por cento), a Mebocaína Forte, para a rouquidão e dores de garganta (menos 4,2 por cento), Halibut para as cicatrizações (menos 3,3 por cento), Guronsan, que actua no fígado e vias biliares (menos 4,1 por cento), o anti-flatulento Aero-OM (menos 3,2 por cento), elixir Tantum Verde (menos 2,8 por cento), e o Cêgripe, para as gripes, febres, dores e constipações (menos 2,7 por cento).
O Infarmed disponibilizou ainda a informação de que a loja que mais contribuiu para a vendas
destes MNSRM foi o Modelo & Continente Hipermercados, S.A..
Portanto, a curto prazo já se verifica um dos objectivos (penso eu de que...) desta liberalização dos preços dos medicamentos: uma possibilidade do utente escolher onde comprar o MNSRM mais barato. Agora, se a qualidade do atendimento nestas lojas é superior/igual/inferior ao de uma farmácia, isso já é mais discutível e deverá ser comentado algures num futuro próximo deste blog!

Duas notícias sobre inteligência

A primeira notícia interessante que li há uns dias refere-se ao facto de ter sido finalmente comprovado que as hormonas esteróides induzem, indirectamente, a morte de neurónios. Já se sabe que os fármacos esteróides, no fim do seu metabolismo, levam ao aumento de níveis de testosterona. Ora o que um dos estudos comprovou é que, ao administrarem altas doses de testosterona numa cultura de células nervosas, esta hormona induzia à morte das células por apoptose. De facto, os cientistas americanos (da Univ. de Yale) explicam que este processo normalmente ocorre para as células que estejam, de uma maneira ou de outra, danificadas. No entanto, quando o processo de morte programada já afecta células nervosas saudáveis, o resultado final é hiperexcitibilidade das células, correspondendo a um perfil de agressividade e atitudes depressivas / suicidas (bastante comum nos atletas de musculação que usam e abusam de esteróides). Num momento mais grave desta condição, estas pessoas estarão a pôr em perigo a sua saúde em longo prazo, uma vez que este massacre das células nervosas pode levar a problemas de Alzheimer ou doença de Huntingdon.
Curioso ainda é que, num outro estudo efectuado em ratos em idade adolescente, foi-lhes administrado fármacos esteróides [dos utilizados pelos atletas] e pôde comprovar-se esta agressividade e fúria típica dos desportistas.
Deste modo, comprova-se assim a atitude mais agressiva dos desportistas que usufruem dos esteróides para aumentarem a massa muscular e secam as suas camadas de gordura que (pensam eles) estará a mais...


Noutro assunto um pouco mais light, a relação positiva entre "bebés que amamentam do leite da mãe" & "QI elevado" está mais ou menos errada! Para os curiosos, esta relação iniciou a sua discussão no ano de 1929 (andava o meu avô na 4ª classe...).
Isto é mais uma daquelas relações filosóficas onde viram que as crianças que eram mais inteligentes e tinham sido, todas elas, amamentadas com leite da sua mãezinha quando eram bebés. No entanto esqueceram-se de algumas variáveis ao longos dos anos de estudos sobre esta questão, até aos dias de hoje. Agora já se sabe que esta relação só é positiva porque na realidade a culpa é da mãe e não do leite materno! O que se passa é que, uma vez que se comprovou que outra variável em comum nas crianças espertas eram, de facto, as suas mães inteligentes, com graus de habilitações elevados, com boa educação e que podiam providenciar aos seus filhos um bom ambiente de educação e aprendizagem, toda a relação "quem bebe leite da mãe é mais inteligente" foi posta de parte.
E de que maneira é que se comprovou isto? Ora... através dos irmãos!! Dois irmãos, um sem leite da mãe, outro com leite da mãe: qual deles o mais inteligente? Nenhum, porque a diferença entre os QIs dos meninos não é considerada significativa! ;-)
De qualquer maneira, e como tudo na ciência é refutável, espera-se a qualquer momento mais um estudo que comprove por A + B que esta relação existe mesmo.
Interessa salientar que mesmo que não torne os bebés uns géniozinhos, o leite materno favorece as suas defesas naturais, diminui o risco de mais tarde a criança sofrer de obesidade e ainda de HTA quando em adulto [as coisas que eles descobrem!]. Como nota de referência, a OMS recomenda a todas as mães que dêem do seu leite a mamar às crianças, pelo menos até aos 2 primeiros anos de vida.

quarta-feira, outubro 04, 2006

Farmácia não reciclável

Este post vai um bocadinho desfasado no tempo, visto que já não trabalho nos laboratórios da faculdade há alguns meses.
Pois bem, queria falar na ausência de algumas medidas de cariz ambiental na nossa faculdade. Isto muito a pedido da minha irmã, que sempre que eu lhe contava algum pormenor sobre reciclagem nesta fac, ela ficava seriamente aborrecida.
Nos longos dias que passava no laboratório de orgânica, poucas foram as vezes que vi alguém a preocupar-se com a recuperação de solventes orgânicos. O que acontecia era que os solventes eram simplesmente vertidos para os lavatórios, ou seja, directamente no sitema de águas residuais da cidade de Lisboa. Acetona, clorofórmio, acetato de etilo, éter etílico, tudo isto eu verti pelo cano abaixo na faculdade. Quando confrontava os profs com esta situação, a resposta era a do costume: "Ah, isso é muito caro, era necessário que fosse uma empresa a recolher os solventes e a faculdade não tem dinheiro para isso." Pois, enquanto isso as águas residuais da cidade são contaminadas, e os processos de tratamentos de águas residuais vão à vida, levando ao aumento da poluição no rio Tejo.
Por outro lado, pouco era também o papel separado para reciclagem. Isto apesar de nos últimos tempos ter existido um cesto para a separação de papel.
Noutro ponto da faculdade, o problema não era os solventes, mas sim o nosso querido brometo de etídio. Nunca ninguém me explicou claramente qual era o destino final de todos os geís que estavam contaminados, mas deram-me a sensação que não era de certeza uma empresa dedicada ao tratamento destes resíduos! Parece que afinal as teenage mutant ninja turtles podem ser uma realidade bem mais próxima que aquilo que pensávamos!!!!
Aqui ficam estes apontamentos sobre ambiente na nossa fac, espero que no futuro hajam alterações neste domínio!

terça-feira, outubro 03, 2006

Prémio Nobel da Medicina


A atribuição do prémio Nobel da Medicina já foi decidida e calhou a um par de cientistas americanos - Dr. Andrew Fire & Dr. Craig Mello [possível descendente luso?] - que descobriram um mecanismo genético que controla a informação dos genes. Este mecanismo está associado à interferência de RNA onde num momento mais específico da regulação da informação genética, pode haver silenciamento de determinadas secções dos genes, levando então a que esses pedaços de informação não sejam traduzidos sob a forma de proteínas.
A utilidade desta descoberta leva necessariamente à ciência, que utiliza esta técnica como modo de estudo de toda a funcionalidade de um gene específico. Este facto que agora está a ser galardoado tem ainda um impacto em toda a ideia de defesa do organismo contra vírus, ou células malignas, onde o silenciamento dos seus genes mais pérfidos poderá contribuir com uma melhor imunidade.

Esta descoberta já ocorreu em 1998, mas só este ano é que a academia Nobel lhe deu o devido valor!
O prémio consta em $1.4 milhões de dólares.

domingo, outubro 01, 2006

Mudança?

A Associação Nacional de Farmácias está correntemente em eleições gerais. Isto quer dizer que no passado dia 30 de Setembro, procedeu-se à eleição para a Direcção, para a Mesa da Assembleia e para o Conselho Disciplinar da ANF.
E o que é que há de novo neste processo?
Para já, as eleições foram antecipadas seis meses, por vontade do ainda presidente João Cordeiro. Mas a novidade que mais chama a atenção é a existência de um novo candidato à Direcção da ANF - João Ferro Batista (da Farmácia de Casal de Cambra). Este senhor, cabeça de lista da lista A, apresenta uma candidatura de oposição à candidatura do presidente à 30 anos da ANF, João Cordeiro (lista B).


Acabei de saber, de fontes seguras (!), que a lista B ganhou. Portanto, o Dr. Cordeiro é novamente o presidente do ANF. Assegura assim uma "associação mais forte" e uma "farmácia independente", tal como disse no site da sua candidatura. Será que os associados terão uma mudança?

Devo confessar que estas eleições passaram-me ao lado, justifico-me com o meu estatuto de estudante sem qualquer ligação familiar ao mundo farmacêutico ou pseudo-profissional com a ANF. No entanto, não quis deixar de postar a notícia acerca do que se passa no mundo farmacêutico português.