quinta-feira, agosto 31, 2006

Quem leu o novo Estatuto do Medicamento?

Para os FFULianos, a actualização do Estatuto do Medicamento foi pretexto para que não nos submetêssemos a uma avaliação (que por si só era muito muito duvidosa quanto aos seus critérios de correcção) de Deontologia e Legislação Farmacêutica.
Mas o tempo passou e na realidade, apesar de agora já sabermos lidar com este papão chamado "legislação farmacêutica", não sei quem é que terá ido a correr ler o novo Estatuto do Medicamento e todas as outras actualizações legislativas relativas à nossa futura classe profissional.

Um pequeno à-parte... isto só revela o quanto certas cadeiras só servem para cumprir determinados objectivos e que, se não fosse por essas disciplinas, provavelmente nenhum de nós teria esticado o dedito até ao site do Infarmed para espreitar pela legislação compilada. Falo por mim. Eu nunca tinha ido pesquisar este lado da profissão que no fundo até se tem tornado numa vertente profissional (registos e área de regulamentação) tão proeminente!... Até deveria envergonhar-me de dizer isto. Mas é uma realidade, nós enquanto alunos mostramos diversos interesses, e o facto de nunca durante o curso se falar a sério de todo este conjunto de leis também não ajudou...

A verdade é que estava a ler algumas notícias e vi esta que me intrigou. Intrigou-me porque não percebo nada da informação! ora vejam lá...


Os distribuidores farmacêuticos vão poder, a partir desta quinta-feira, importar medicamentos que sejam mais baratos noutros países. Esta medida enquadra-se na nova legislação para o sector, publicada hoje em Diário da República.

Uma das novidades introduzidas pela nova lei é a possibilidade da importação paralela de medicamentos.
Esta possibilidade destina-se principalmente a distribuidores que detém autorização para importar fármacos que comercializados em Portugal mas que são vendidos a um preço mais baixo noutros países.
Em Portugal, o preço a praticar em relação a estes medicamentos tem de ser obrigatoriamente inferior aos fármacos idênticos ou essencialmente similares que têm autorização para ser comercializados no país.
Eu sublinhei a azul aquilo que eu acho mais interessante na notícia. É que não dá mesmo para perceber o que raio a pessoa que escreveu isto quis dizer!
Portanto já tenho planos para este dia que se segue, procurar esclarecer-me quanto a esta nova alteração, porque parece-me interessante, e antes que possa dar uma opinião, convém mesmo perceber do que se fala! ;-) Cá vou eu, pesquisar no infarmed.

terça-feira, agosto 29, 2006

As mais quentes no mundo da Saúde

Hoje o post é-vos apresentado num formato mais ketchup, ou seja, aqui vão umas notícias para nos mantermos actualizados! ;-)

1) Cientistas americanos (andam muito atarefados!) da Universidade de Illinois, descobriram uma molécula orgânica sintetizada que é capaz de induzir enzimas que têm um papel preponderante na cascata iniciadora da apoptose celular. E perguntam vocês: "What's the great deal with that?" O que torna isto tudo muito interessante é o facto de ser um activador da apoptose com preferência em células cancerígenas (ou seja, até agora foi provado que não afecta células sãs). Deram-lhe o nome de PAC-1.

2) Numa notícia que já tem vindo a ser anunciada mundialmente há já uns tempos (talvez 2 meses e meio), finalmente já estamos numa época em que existe efectivamente uma vacina contra o HPV. O HPV, como bem sabem, é o vírus que tem alguns serotipos com capacidade cancerígena maligna, gerando o cancro do cólon nas mulheres. Esta vacina já está em vigor nos USA e a novidade mais recente é que começou agora a ser comercializada na Austrália. Pergunta: para quando na Europa? As mulheres europeias infelizmente também sofrem com este tipo de cancro. Nos USA, a vacina é disponibilizada nas escolas secundárias, fazendo agora parte do plano de vacinação obrigatório (para as mulheres, obviamente).

3) Novamente dos USA (keeping the world very busy), a FDA já aprovou a dispensa da pílula do dia seguinte para mulheres maiores de 18 anos, mantendo o medicamento como "behind the counter", ou seja, um medicamento que apesar de não necessitar de receita médica é vendido só ao balcão. No entanto, as coisas não parecem tão fáceis, para que seja dispensado, terá de ser feito pelo próprio farmacêutico (director técnico da farmácia), ou senão nada feito. Pelos vistos, uma decisão que demorou vários anos a ser decidida (vejam aqui o seu progresso cronológico). A necessidade de receita médica para este tipo de medicamentos está ainda em vigor para mulheres com 17 ou menos anos de idade.
Pergunta: como está resolvida esta situação em Portugal? (um bom tema de pesquisa, e futuramente um post neste blog).

4) Jorge Sampaio pronunciou-se como enviado especial da ONU para a Luta Contra a Tuberculose, dizendo que os Ministros da Saúde Africanos devem estar atentos ao avanço rápido da tuberculose no continente.

Os obstáculos, para Sampaio, podem ser ultrapassados com a gestão eficiente dos recursos: "A boa governança é essencial para se conseguir atingir as metas estabelecidas na Agenda do Milênio para o controle da tuberculose. Nenhuma política poderá ser eficaz se a governança for deficiente ou ficar abaixo dos padrões médios, porque os recursos simplesmente desaparecem quando as instituições são fracas", explicou.

in Agência Lusa Brasileira
(o que explica a palavra "governança"...)

5) Os Enfermeiros da Unidade de Saúde de Matosinhos continuam em pé de guerra por causa dos uniformes amarelos e azuis que se recusam a usar. Eu continuo a não perceber como é que se gasta dinheiro numa coisa sem se saber se todos aprovam. Falta de comunicação? Falta de juízo e muito dinheiro nas mãos, é o que é. Entretanto vamos assistindo a este debate, claro...

E por hoje fico-me por aqui! ;-)

domingo, agosto 27, 2006

Inovações Medicamentosas

Li hoje no site da Ordem dos Farmacêuticos que a partir de agora a introdução de medicamentos inovadores ao nível dos hospitais tem de ser sujeita a uma avaliação fármaco-económica. O próprio ministro da saúde disse que este é um "mecanismo para lutar contra a permissividade" na utilização de medicamentos inovadores nos hospitais.
Pois eu acho muito bem que assim seja, a avaliação económica do medicamento dever ser cada vez mais considerada, não vale a pena utilizar um medicamento ultra caro para obter um benefício pouco superior aos que já existem na prática clínica. Lembram-se da aula de farmácia clínica, onde tínhamos um artigo sobre farmacoeconomia para analisar? É exactamente isto.
Estes estudo são muito úteis pois permitem a racionalização das despesas no serviço nacional de saúde, que como sabemos tem uma bela despesa relativa a medicamentos. E a indústria farmacêutica também não ajuda muito, com as suas estratégias de marketing procura sempre a inclusão dos seus medicamentos nos formulários hospitalares, visto que esta inclusão é uma mais valia para a sua utilização ao nível do ambulatório.
Cada vez mais os factores económicos influenciam as decisões ao nível da saúde, e os farmacêuticos têm de estar preparados para isso. Qualquer dia deixamos de ter o binómio risco/benefício para passar a ter trinómio risco/benefício/custo!

sábado, agosto 26, 2006

Farmacoepidemiologia

A importância desta área tem sido crescente. A farmacoepidemiologia foi tema de discussão na 22ª edição do Congresso Internacional de Farmacoepidemilogia e Gestão de Risco, em Lisboa. Neste congresso a notícia que mais importância despertou nos meios de comunicação foi o estudo efectuado pelo Centro de Estudos de Farmacoepidemiologia do ANF, revelando que, em média, 8 pessoas são hospitalizadas por dia devido a intoxicações medicamentosas.
Define-se este tipo de intoxicação como sendo um efeito duma toma excessiva, acidental ou sem qualquer indicação para o doente, provocando vários tipos de reacções desde problemas cardiovas
culares ou respiratórios, podendo levar mesmo à falha dos órgãos vitais do organismo. Os números vêm referenciados aqui, onde se resume como sendo a maior causa destas intoxicações, a automedicação. A automedicação é de facto um grande problema que se põe cada vez mais na sociedade de hoje. Ainda há dias escrevi sobre a venda de medicamentos via internet, onde obviamente a automedicação impera, tornando este meio um perigo enorme para o estudo da segurança e eficácia do medicamento, uma vez que não está delineado um programa de farmacovigilância via internet.
A automedicação é uma das grandes justificações para a existência da farmacovigilância, e o que sempre me indignou nesta área é a falta de obrigatoriedade da notificação. Se por um lado o facto de ser voluntário evita as "enchentes" de notificações que muitas vezes podem adiantar pouco sobre a segurança do medicamento; por outro lado, a não-obrigatoriedade acaba por lentamente se transformar em negligência, o que torna as coisas mais difíceis de evoluir para a farmacovigilância e sobretudo para a farmacoepidemiologia.
Um estudo sobre a automedicação, um estudo deste tipo que o ANF terá encomendado, não poderá ter sido mais oportuno. Digo isto porque, relembrando este último ano e meio, têm vindo a realizar-se muitas revoluções na profissão farmacêutica, sendo duas delas a existência de parafarmácias e o aumento da lista dos MNSRM. Sendo esta média de intoxicados medicamentosos tão alta, só mostra que o papel do farmacêutico é muito importante no que toca ao aconselhamento terapêutico, e (não me arranquem a cabeça por dizer isto!...) que os profissionais de saúde andam a "dormir na forma". Quanto ao primeiro ponto, não vou discutir. Mas justifico a minha segunda frase da seguinte maneira:
- o médico prescreve demais em Portugal. As pessoas levam as receitas, trocam-nas por medicamentos e muitas vezes têm medicamentos a mais porque depois chegam a casa e decidem não tomar nada! (lê-se no artigo, que uma causa d
a automedicação é este excesso doméstico)
- a indústria farmacêutica prefere fazer caixas com unidades que invariavelmente têm número maior do que o suficiente para o tratamento da doença, levando mais uma vez ao dito excesso de medicamentos.

- o farmacêutico, como último (e muitas vezes único) profissional de saúde com o qual o público em geral contacta, muitas vezes torna-se negligente na dispensa de medicamentos que são sujeitos a receitas médicas. E isto é que eu acho intri
gante. Claro que devem dizer que muitas destas intoxicações também são voluntárias como meio de suicídio, mas o problema põe-se da mesma maneira: como é que podemos evitar que o medicamento se torne uma arma quase tão nociva como tão eficaz? A minha resposta é: "melhorando as moléculas para diminuir esses efeitos nocivos". Não é nenhum breakthrough, bem sei, mas a frustração que sinto em relação ao paracetamol (por exemplo) leva-me a pensar que às vezes não há desenvolvimentos nessa área o suficiente para realmente modificarem as estatísticas! Por isto é que a Farmacoepidemiologia é um tema tão interessante: representa os dois lados do medicamento, aquele que cura e ao mesmo tempo (em certas condições) pode piorar o estado de saúde!


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uma pequena nota: quem quer que tenha escrito o artigo da OF, ao qual fiz link, sobre este estudo, não sabe que não se denominam os medicamentos de "remédios"!!! Passei 5 anos a ouvir este alerta, por isso não podia deixar de o salientar ;-)

quinta-feira, agosto 24, 2006

Contribuições Farmacêuticas

Aos nossos leitores deste linezolide, venho deixar uma proposta. Já que estão de férias, e com muita disponibilidade de tempo, dêem um saltinho à Wikipedia, e reparem nas páginas sobre farmácia e áreas afins.
Estão muito incompletas, né? Pois eu acho uma boa ideia começar a contribuir para elas, seja em inglês ou em português. Não custa nada contribuir com os nossos magníficos conhecimentos sobre a área para a Wikipedia.
Para quem não sabe o que é a Wikipedia, é uma enciclopédia aberta, onde são os próprios utilizadores que a escrevem. Ninguém exige nada das pessoas que lá escrevem, não é necessário ser um prof ou um perito na área, só se pede que escrevam com bom senso e de maneira imparcial.
Para quem quer escrever em português, habituem-se desde já a ter artigos escritos em português do Brasil: há muita gente a reclamar contra isso, mas aparentemente são os brasileiros que mais contribuem para a Wikipedia em português! E eu acho sinceramente que não há problema nenhum: apesar de pessoalmente não gostar muito da maneira brasileira de escrever, todos os lusófonos percebem e por isso acho que qualquer um deve escrever como melhor lhe convém!
Mas a sério, interessem-se pela wikipedia, que é um bom projecto!

A despromoção mais triste do universo!

Desculpem, desculpem! Eu sei que ainda há dois minutos acabei de "postar" mas isto é uma coisa que me incomoda imenso!
Estou a falar da despromoção de Plutão do Sistema Solar! Inédito, incrível e terrivelmente rídiculo. Despromover Plutão... é como quando há discussões sobre determinada planta considerada primitiva, que depois se descobre que afinal era a mais "avançada" para a sua época, levando à problemática: em que filo a inserir? hehe ;-)

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E Plutão foi mesmo posto de parte. O Sistema Solar passa agora a ter 8 planetas.

Linezolide de férias...

Portanto estamos no mês de Agosto e dê por onde der, e por mais que gostemos de navegar na internet e vir parar ao nosso querido linezolide, esta altura do ano não incita mesmo nada a levar-nos a magicar temas para desenvolver.... no blogue. :-) Falando por mim, é como se o fosse uma revolta do organismo a não querer ter nada a ver com o que quer que seja relacionado com trabalho... Sim, pois (e já falo pelas duas "mentes brilhantes" deste nosso blogue!) passámos DEMASIADO tempo a olhar para o Word e Powerpoint a magicar palavras, frases, corrigir coisas rídiculas e inventar coisas que nos fizesse distinguir os nossos trabalhos! Resumindo e concluíndo, quando olho para as datas dos posts anteriores, lembro-me muito bem daquilo que estava a fazer por essa altura, e por isso é o que o organismo se revolta! :-P

Então conclui-se assim que nesta altura estamos estafados, felizes e expectantes! Estafados pelas razões que acima referi; felizes porque já não vamos ter mais aulas em Setembro (e meses seguintes!); e expectantes pois aproxima-se a nossa nova etapa: (tal-qual a montanha da Volta a Portugal...) o tão esperado ESTÁGIO! :-) É verdade, já se falou tanto nisto, que eu até nem quero saber como vai ser o reboliço no dia da escolha dos locais de estágio... Vai ser um nervosismo para saber a nossa posição na lista de escolha, e posteriormente expectativa para saber se quando chegar a nossa altura de escolher ainda haver vaga naquilo que queremos. Será bonito com certeza.
Aproveito para deixar aqui a minha incompreensão relativa ao dia que nos reservaram para nos inscrevermos na FFUL (sim, pago propinas para poder estagiar!). Já nem sei muito bem, mas acho que era só um dia, ou seriam dois? Bem, de qualquer maneira não percebo mesmo nada porque é que só temos dois dias para nos inscrevermos. Isso será deveras bonito de assistir!! :-) Irá lembrar-me (com toda a certeza) dos tempos de caloira, das filas que se fizeram para a inscrição... tantas pessoas... A diferença é que não temos direito a pinturas faciais!

Bem, este post é mesmo dedicado às férias, ao "não se faz nada" e como tal não tenho assim muitas notícias farmacêuticas para divulgar sem ser alguns apontamentos de que tomei nota nestas últimas semanas:
1) li no DN (já não sei o dia) um artigo maravilhasticamente bem redigido (cof cof...) sobre o facto de estarem a aumentar os números de formulações medicamentosas falsificadas. O DN publicou um artigo sobre um artigo que se publicou na revista The Lancet. Nem vou comentar o artigo da Lancet, até porque não o li, e por ter lido o do DN não quer dizer que tenha tido a noção da informação que essa revista queria passar... Por isso é que comento o artigo do DN, que mais parecia a história da carochinha (a China faz medicamentos falsos. A indonésia também. Nos USA já foram detectados n casos... etc etc). De qualquer maneira, acho que o ponto mais interessante é que aquilo que aumenta as vendas de medicamentos falsos é mesmo o seu veículo de venda - a internet. Já li muitas opiniões sobre este meio de venda de medicamentos, e continuo a ter uma posição muito céptica sobre a confiança que é comprar um medicamento via internet. Perde-se toda a qualidade do serviço farmacêutico. Mas se calhar a internet veio facilitar a venda para doentes que não possam sair de casa para trocar as receitas por medicamentos. Deixo aqui reticências, pois é um assunto muito difícil de tratar, até porque para ser resolvido deverá iniciar-se pela sua legislação. (digo eu!)

2) O ADSE viu as suas tabelas de comparticipação serem alteradas, no que se trata de análises clínicas de todo o género e feitio. Isto quer dizer que o utente (funcionário público, neste caso) passa a pagar mais e o estado cada vez menos. Preocupante sim, até porque o Sindicato dos funcionários públicos do Estado já vieram dizer que esta alteração é ilegal. Hmmm.

3) Numa notícia bastante recente, que ainda nem sequer li (mas vou já já ler!), cientistas duma empresa americana (Advanced Cell Techonology) anunciaram ontem que criaram uma técnica capaz de cultivar células estaminais sem ter de destruir os embriões. Fabulástico! Isto quer dizer que é muito possível que estejamos perante uma revolução na medicina humana que hoje conhecemos. A biotecnologia e o tratamento de doenças com o medicamento biológico estão em grande evolução! (que frase cliché...)

bem, por hoje será tudo. Agora compete a nós, "mentes brilhantes" ;-) continuar a escrever no belo e eficaz "Linezolide, cura e não faz mal ao rim!"