domingo, novembro 26, 2006

Vacinas futuristicas

O Expresso deste fim de semana (leitura essencial!) tinha um número extra de notícias farmacêuticas.

Vacinas transdérmicas

Uma empresa farmacêutica americana, a Iomai encontra-se a desenvolver vacinas para a gripe e para a diarreia do viajante, utilizando sistemas transdérmicos. Estas vacinas utilizariam um método natural de imunização, através da pele, recorrendo à utilização de adjuvantes potentes que não são utilizados nas vacinas injectáveis convencionais: um exemplo é a enterotoxina termo-lábil de E. coli, que foi testada como adjuvante numa vacina deste tipo para o vírus da gripe. Estes adjuvantes permitiriam assim a imunização do organismo, mesmo sendo os antigénios de natureza proteica.
Uma questão pertinente nesta novidade é a estabilidade do produto: o antigénio, tal como foi referido, é de natureza proteica e por isso muito menos estável que outros fármacos. A empresa, no entanto, apresenta dados que asseguram a estabilidade à temperatura ambiente por 6 meses.
Como vantagens deste tipo de imunização, a empresa destaca o facto de não serem necessárias agulhas para administração dos antigénios, a ausência de efeitos provocados pelos adjuvantes, a possibilidade dos sistemas serem enviados por correio em situações de pandemia(!!!), e a distribuição fora dos circuitos de frio.
Para terminar, estas vacinas já se encontram em experimentação humana, estando alguns dos sistemas já em ensaios clínicos de fase II.

Ad latera

  • Parece que anda por aí uma vaga de despedimentos de Delegados de Informação Médica (DIM), com várias rescisões de contrato ou contactos para a negociação da rescisão. O referido jornal escreve que deverá existir um acordo informal entre o governo e a Apifarma com o intuito de reduzir em 23% o número de DIMs. O objectivo seria reduzir as vendas de medicamentos e assim refrear o gasto do estado em medicamentos. Ouvidas ambas as partes, o Ministério da Saúde diz que desconhece esse acordo, enquanto que a Apifarma justifica os despedimentos com as sucessivas baixas nos preços dos medicamentos e com a recessão (!) da indústria farmacêutica em Portugal...
  • A Udifar prepara-se para montar um sistema de controlo das carrinhas de distribuição de medicamentos, que consiste na localização por GPS e no envio da informação das encomendas já entregues e as por entregar. Pretende-se com esta iniciativa reduzir custos, diminuir o tempo das entregas e aumentar a qualidade do serviço. Curioso é o facto do sistema permitir que as farmácias recebam um SMS a informar a que horas irão receber os medicamentos encomendados!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Escandaloso...

Estávamos nós a meados de Outubro quando as autoridades responsáveis pela Saúde Pública em Portugal finalmente perceberam que as doses da vacina da gripe, que encomendaram às Indústrias Farmacêuticas para o que supostamente cobriria a procura pela população, não seriam as suficientes.
Resultado: durante mais de duas semanas, as farmácias pelo país fora sofreram uma enchente de requisitos e reservas pela vacina da gripe, sem que nada pudessem fazer, visto que o Estado só mais tarde decidiu comprar a segunda leva de vacinas.
Depois, como se não bastasse, as ARS permitiram que os farmacêuticos trocassem uma marca por outra que as farmácias iriam receber em maior quantidade (estamos a falar da Influvac (r)). Aí toda a gente com reserva, ou com receita que eventualmente tenha aproveitado para pedir ao seu médico de família, apareceu aos magotes para levantar a sua vacinazinha... Uma vez escoado uma larga quantidade deste injectável, a procura da população diminuiu drasticamente, tendo as vendas deste produto desacelerado completamente até ao ponto em que se encontram com stock estagnado.
Mas o problema põe-se da seguinte maneira: o que é que os directores técnicos das farmácias fazem com um stock de cerca de 100 vacinas da gripe quando já estamos em plena época pós-vacinação?
Pelos vistos, e porque a lei da oferta e da procura assim o obriga, as Indústrias já têm bom remédio para as vacinas a mais, cujas encomendas as farmácias cancelaram - a sua destruição! A destruição será inevitavelmente o seu destino, uma vez que as vacinas são sazonais e não terão utilidade para o ano que vem. Portanto, estamos a falar de muitos milhares de euros que poderão vir ser deitados fora; euros esses que não contam no orçamento de estado deste ano (pois aquela maquia destinada para este programa de imunização já teria sido gasta). Tudo por falta de planeamento do estado, e com uma grande ajuda do pânico geral do público donde surgiu a procura alarmista pela vacina da gripe.
Acho isto um escândalo na Saúde, que revela a desorganização completa com que se governa este país...

domingo, novembro 19, 2006

Geração pos-pos-pos-doc


Este fim de semana na revista Única (que acompanha o semanário Expresso) vinha uma interessante reportagem sobre alguns investigadores nacionais. Falava sobre uma série de investigadores, que em virtude da baixa oferta de trabalho científico em Portugal, encontravam-se neste momento em programas de bolsas pos-doc para seguir uma carreira de investigação em Portugal. Um dos entrevistados já ia no seu quarto pos-doc!

Este tema é para mim muito interessante, e para a amiga Andie também, visto que já percorremos algum caminho nesta área, e eu pelo menos já equacionei a possibilidade de seguir o meu futuro profissional por esta área.
Olhar para esta série de pessoas que se dedicaram durante anos à investigação, e verificar que só com recurso a estas bolsas é que se mantêm nesta profissão, é muito pouco encorajador. Não que já não tivéssemos conhecimento destes factos, a vida dos alunos de doutoramento na FFUL deixava antever esta situação: só os que conseguem lugar como professores na faculdade é que garantem alguma estabilidade a nível profissional.
Aliás, descobri que um dos doutorados da nossa faculdade está neste momento a trabalhar nos serviços farmacêuticos do hospital onde me encontro a estagiar. Ou seja, mais de 10 anos a fazer investigação e encontra-se agora na carreira de farmacêutico hospitalar, com muito pouco a ver com o que andou a estudar e com enormes dificuldades para integrar-se de novo nas actividades mais clínicas.

A minha visão é um pouco pessimista, é verdade: as pessoas passam os melhores anos da sua vida a trabalhar a sério, para no fim obterem um título académico, uns poucos artigos publicados, e uma grande incerteza sobre o seu futuro profissional. Vale a pena?? Apenas e somente se o que se quer fazer é investigação!

terça-feira, novembro 14, 2006

Depressão nas crianças?

Uma coisa que eu acho que não passa pela cabeça de ninguém é que as crianças possam sofrer de sintomas de depressão. Parece um pouco estranho que uma criança, que normalmente vive despreocupada da vida alheia e dos problemas dos adultos, possa vir a sentir sensações que associamos a um quotidiano cheio de stress, cansaço, fadiga, problemas e mais problemas, muito trabalho... etc! Mas se pensarmos bem, e se a criança sofrer de depressão em relação a um problema que lhe afecta seriamente a sua qualidade de vida? E quando refiro qualidade de vida, falo daquilo a que lhe está intimamente ligado: a sua felicidade enquanto criança. Nestas circunstâncias, parece bastante lógico que uma criança possa sofrer de tristeza extrema como reacção a algo que lhe foi retirado e que, claramente, tem um grande significado na sua vida.

Portanto é nesta sequência que vos apresento uma notícia inglesa, que dá conta de uma menina de 4 anos que sofre de depressão por lhe ter sido negada a continuação da frequência neste ano lectivo decorrente, na escola onde ingressou no ano lectivo passado. O que lhe aconteceu, e que até já aconteceu aos meus sobrinhos (!), foi que a escola chegou ao limite de alunos e a menina já não foi a tempo de ter sido inscrita nessa escola para continuar neste ano. Toda esta situação despoletou uma polémica pois a criança (Molly Murphy) sentiu-se muito triste por ter de se separar dos seus coleguinhas. Molly revelou a sua depressão através de crises de vómitos, molhadelas nos lençóis à noite, e as habituais birras antes de ir para a escola. Claro que vão dizer, (e a minha mãe seria uma boa candidata a este pensamento) "ah, mas isso passava-lhe com uma boa psicologia familiar!" Mas aí é que está o problema! E se acontecem dois casos: 1) os pais não sabem lidar com a situação e até se sentem tão incomodados com isso que acabam por recorrer ao médico para tratar as "birras" e o comportamento invulgar; 2) os pais até sabem reagir bem à situação mas que mesmo assim a criança sinta uma tristeza maior que os obrigue a recorrer a um médico. Poderá ter sido o que aconteceu na realidade, e a decisão médica foi de adesão à terapêutica anti-depressiva.

Obviamente que a 1ª terapêutica neste caso, seria a terapêutica não-farmacológica, que se baseia essencialmente em levar a criança para a escola a que estava acostumada e numa série de exercícios de acompanhamento familiar. No entanto, o médico optou por seguir a terapêutica farmacológica com anti-depressivos. Os efeitos secundários poderão não ter sido estudados para crianças com 4 anos, uma vez que os ensaios clínicos dos medicamentos não englobaram esta faixa etária. Mas no UK os números indicam que, em 2003, 40 000 adolescentes e crianças estava a ser medicadas com anti-depressivos; apesar das associações de famílias apoiarem muito mais a terapia familiar.
Agora, na minha opinião pessoal, faz-me impressão considerar que uma criança de 4 ou 5 anos seja sujeita a terapêutica tão agressiva para o cérebro e para o organismo todo, como a terap. anti-depressiva é. Será que terá repercurssões no seu desenvolvimento psicológico? Será que a tudo que a Molly se queixe, tem de haver uma terapia farmacológica associada? Ou será que isto foi um caso onde não havia outra alternativa senão esta?
O assunto choca um pouco porque a doença é sempre associada a adultos. Mas é preciso ver que se calhar os adultos já chegaram a um ponto tal que querem prevenir a tristeza e as preocupações que as crianças de hoje em dia sofrem... É tal qual uma transposição para os mais pequenos.

quinta-feira, novembro 09, 2006

Cuidados para farmacêuticos

Sabiam que ter um estagiário até dá jeito aos farmacêuticos sénior? Segundo eles nós aparecemos com os conhecimentos muito mais frescos, e por vezes apanhamos alguns promenores interessantes.

Na semana passada fui encomendado de fazer um pequeno quadro-resumo sobre os estupefacientes que são utilizados no hospital, trabalho esse que me levou a ler os RCM de uma série de fármacos à procura de algumas informações: indicações terapêuticas, dosagens, posologias, vias de administração, etc.



Num desses medicamentos, o transdérmico de fentanilo Durogesic®, vem um extraordinário parágrafo:


Os sistemas transdérmicos usados, depois de removidos, devem ser dobrados ao meio, fazendo aderir pela parte adesiva, colocados na saqueta em que estava antes de ter sido utilizados e deverão então ser entregues na farmácia.

Isto causou polémica nos serviços farmacêuticos! Primeiro ninguém sabia disto, e depois ninguém sabia muito bem o que fazer com os sistemas usados. O mais certo é irem para inceneração!

Noutro dia, fui eu que fui surpreendido com mais um procedimento que deveria ser feito, desta vez em doentes oncológicos submetidos a quimioterapia.

Sabiam que é preconizado que as fezes e urina destes doentes deveriam ser recolhidos para posterior destruição adequada? Alguma vez pensaram que estes resíduos estão cheios de substâncias cancerígenas que vão contaminar o meio em volta? Eu pelo menos nunca tinha pensado nisto, mas a farmacêutica que me explicou isto fez uma cara bem séria, como que deveria ser uma coisa a pensar para o futuro.


Certas coisas passam-nos um pouco ao lado, é preciso estar atento a estes pequenos promenores da vida farmacêutica!

O que se aprende no estágio...


Caros leitores, estou estupefacta!

Chamem-me ingénua, chamem-me o superlativo de honesta, chamem-me tudo o que quiserem! Mas digo-vos que mesmo tendo passado por esta pequeníssima aventura e por mais que tente compreender o porquê desta situação, continuo sem conseguir perceber a necessidade de criar situações destas...

Então o que me aconteceu, e que seguramente acontece por este país fora, em todas as suas farmácia, vezes e vezes sem conta, foi algo inédito para mim (como já deu para perceber!) mas que só me pode ajudar a perceber para o que ser o estágio em farmácia comunitária. A situação é simples, uma senhora idosa (com todo o chico-espertismo ao rubro!) dirigiu-se à minha farmácia para aviar uma receita que o médico lhe passou uns dias antes. Eu verifiquei aquilo que normalmente se verifica logo: se tinha o número de beneficiário correcto, se a cor da vinheta correspondia ao que era suposto ser, se havia vinheta do médico, se a receita está assinada pelo médico, se está dentro do prazo... enfim, uma série de coisas. Mal sabia eu que a senhora, de um dos dois medicamentos que vinham receitados, tinha artisticamente transformado o 1 em 2, assim como a palavra uma em duas! Ou seja, tinha rasurado aquilo que o médico tinha escrito! E isto, em relação a um medicamento (Ben-u-ron (r)) que custa cerca de dois euros (PVP) e que depois de comparticipado fica com um custo para o utente de 0,62 euros!!!!!

Claro que eu não reparei nisto, até porque estava (e volto a salientar) artisticamente bem rasurado: a cor da tinta era igualzinha, o 1 estava meio torto originalmente, o que lhe facilitou na transformação para 2 e a palavra um do sr doutor estava uma espécie de rabisco iniciado com um "u"...
A minha colega farmacêutica que estava a fazer a conferência das receitas é que me chamou a atenção e explicou-me: 1) a gravidade da situação pois a receita poderá vir devolvida pelo Infarmed; 2) face a uma situação similar, como é que deverá ser a minha atitude. Mas rematou com uma bela frase:"É para isto que serve o estágio: para a Andrea se aperceber da quantidade de coisas para as quais tem de ter atenção!"

A mim resta-me divagar o porquê destas falcatruazinhas que parecem ao utente uma coisa sem importância mas que pode dar algumas dores-de-cabeça às farmácias e aos farmacêuticos. Resta-me também ficar um pouco desiludida com a minha honestidade e por acreditar que toda a gente é como eu, por eu nunca pensar em fazer este tipo de coisa!

You live, and you learn! Acho que não há frase mais adequada aqui.

Claro que os meus colegas minimizaram logo o meu erro e deram-me conta das vezes que isto aconteceu, dando vários exemplos com diferentes coisas: preenchimento da receita com outros medicamentos, utentes que põem as portarias para terem maior desconto - só porque o médico se esqueceu..., entre muitos outros casos mirabolantes. Basicamente o que me aconteceu, até por ser com um "mero" Ben-u-ron (r), é considerado o arroz doce das aldrabices dos utentes!

terça-feira, novembro 07, 2006

Ar quente dá cabo dos piolhos!


Ora a isto é que eu chamo uma invenção maravilhástica (tm)!!! Portanto o que havia até hoje disponível no mercado para dar cabo dos malvados piolhos que se apoderam das cabecinhas das crianças, eram essencialmente medicamentos pediculicidas que tinham a desvantagem de serem tóxicos tanto para a cabeça como para os parasitas, havendo ainda a possibilidade de existir piolhos resistentes a essas substâncias. Ainda como novidade, deu-se a entrada no mercado de um produto que asfixia o piolho, matando-o, sem qualquer tipo de tóxicos, sendo então muito mais "inócuo" para o hospedeiro. No entanto, e porque a ciência não pára, uma equipa de cientistas americanos desenvolveram um secador de cabelos especial para matar os piolhos! Este secador trabalha a uma temperatura mais baixa do que aquela que normalmente os secadores de cabelo normais, que temos em casa, trabalham. [portanto, não experimentem com esses secadores de trazer por casa porque só vão ganhar um couro cabeludo a escaldar!] A sua eficácia é devida também ao fluxo de ar mais acelerado que é criado pelo secador.
Resumindo e concluindo, ao secar o ar em volta dos piolhos e das lêndeas, estes parasitas não conseguem sobreviver sem determinada percentagem de humidade, acabando por morrer. A eficácia deste aparelho já foi testada e foi provado que erradica 70-80% dos piolhos e quase 100% das lêndeas, sendo que os parasitas sobreviventes não conseguem reproduzir-se para infestar novamente o couro cabeludo.
Ainda não está prevista a data do lançamento deste aparelho, mas até lá não se recomenda a experiência de usar o secador convencional; recomendando-se sim, a utilização das loções e champôs que se encontram no mercado.

sábado, novembro 04, 2006

Health ketchup, edição nº4

Prontos para mais um health ketchup? ;-) Sinto-me um disco riscado, por estar sempre a repetir o formato dos meus posts e também por dizer que não tenho tido tempo para postar neste blog! Mas a verdade é esta e não consigo arranjar melhor alternativa do que este formato... "ketchup"!
Então cá vão as notícias que me despertaram a curiosidade:

#1 - Há uns dias vi na Forbes um artigo que comentava um estudo de saúde pública feito para avaliar a eficácia da vacina da gripe na prevenção desta doença, nos dias que correm, em relação à população que é actualmente vacinada. O estudo assugura que nada garante que a população vacinada, que normalmente é aquela que é considerada como estando em risco (crianças 6-24 meses, idosos e doentes crónicos), esteja realmente protegida contra o vírus da gripe. É algo que para nós, estudantes de farmácia, ainda por cima por termos tido a cadeira de virologia agora no recente 5º ano, até podemos compreender. Ora vejamos, a vacina é (normalmente) feita com vírus inactivos. O vírus da gripe, Influenzae é um vírus que tem vários segmentos genómicos que facilmente comutam entre si, havendo portanto maior facilidade de se criar novas estirpes. Assim, mesmo que se vacine com um vírus da gripe inactivos que tenham pertencido a estirpes relativamente novas, nada nos garante que essa estirpe ainda seja a que infecta a maior parte da população. Sendo assim, tudo depende da estirpe que circula durante os meses de Inverno em cada ano. Deste modo, este estudo epidemiológico concluiu que, por exemplos no grupos dos idosos, estas vacinas têm uma eficácia de somente 60-70%. O que realmente se conclui neste estudo publicado no British Medical Journal, é que não há estudos suficientemente bem esclarecidos que provem a eficácia a 100% das vacinas que correntemente são alvo da atenção da população mundial que se quer prevenir contra a gripe. É realmente alarmante, especialmente quando já se fala na possibilidade da pandemia da gripe das aves.

#2 - Esta notícia é um dois em um: primeiro pela notícia em si mesmo, e depois porque refere-se a um passo de desenvolvimento de fármacos muito importante e que tem estado muito em voga - o chamados carriers. Portanto, cientistas americanos & italianos estudam a hipótese de se poder criar um contraceptivo masculino, através de um fármaco que desenvolveram - "adjudin" - e que tem como alvo as células de Sertoli, importantes na espermetogénese por permitirem a maturação dos espermatozóides. Este composto, ainda só testado em ratos, terá como mecanismo de acção promover a separação dos espermatozóides, ainda por amadurecer, das células de Sertoli, provocando infertilidade temporária. Quanto ao segundo lado desta questão, esta molécula foi associada à hormona FSH que funciona como carrier por levar pequenas doses para os testículos do rato, impedindo assim doses superiores e evitando efeitos adversos exacerbados.

#3 - Finalmente está a ser criada a hipótese de haver um teste sanguíneo de rastreio da doença de Alzheimer. Os investigadores basearam-se em diferenças de proteínas que o sangue destes doentes apresentam em relação às pessoas saudáveis (viva à proteómica!!). Embora ainda falte muito tempo até termos verdadeiramente disponível um teste deste tipo, a sua importância não pode deixar de ser referida. A doença de Alzheimer tem sido alvo de vários estudos que desenvolvem tratamentos a serem seguidos nas fases iniciais da mesma, o maior problema é conseguir fazer o diagnóstico numa fase tão inicial. É neste contexto que se insere a importância deste futuro rastreio.

#4 - No UK (Univ de Edinburgh) descobriram um gene ligado à psicose/esquizofrenia. Denominaram este gene de neuregulin (em inglês), que descobriram ter uma maior probabilidade de se encontrar em pessoas esquizofrénicas do que em pessoas sem sintomas psicóticos. Já se sabe há algum tempo que esta doença tem contributo genético em causa, mas esta é a primeira vez que se discute a existência de um gene responsável pelos distúrbios psicóticos verificados nas pessoas esquizofrénicas. De qualquer maneira resta saber em que medida o gene influencia. Ou seja, até agora sabe-se que pelos menos este gene constitui uma diferença (em termos hereditários) entre as pessoas com psicoses e aquelas sem esses sintomas. Mas mais estudos devem ser desenvolvidos para descobrir aquilo em que o gene implica, até porque só assim se perceberá melhor a doença e poderá, eventualmente, chegar a uma terapêutica cada vez mais específica.