sexta-feira, dezembro 29, 2006

riacrdoo nosocomiado (II)

E de novo as infecções nosocomiais!

Um estudo da universidade John Hopkins nos EUA, e publicado hoje na revista científica New England Journal of Medicine, revela que pequenos procedimentos são suficientes para reduzir drasticamente a incidência de infecções hospitalares. Coisas tão simples como lavar as mãos, ou quando se insere um catéter central limpar bem a zona de inserção e usar luvas, máscara e bata.



Os investigadores conseguiram, com estes procedimentos, reduzir em 66% a taxa de incidência de infecções nosocomiais originadas pela colocação de catéter central. Foram consituídos protocolos para a colocação de catéter central, assim como constituiram-se equipas de médicos e enfermeiros que tinham de cumprir determinados objectivos diários, seguindo algumas check-lists.

Outro pormenor desta notícia é que no estado americano de Maryland, desde a primavera deste ano, é obrigatório para algumas unidades hospitalares fazerem a vigilância das infecções nosocomiais, e reportarem as infecções detectadas às autoridades competentes.

Cá está, são pequenas coisas que fazem toda a diferença: não é necessário abusar de antibióticos para controlar um grave problema hospitalar.

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Ano novo, comparticipações novas

Tal como foi discutido para a aprovação da Lei do Orçamento de Estado de 2007, os medicamentos comparticipados veriam pelo menos três alterações durante este ano que se segue:
1) as suas comparticipações seriam diminuídas nos três escalões (B, C e D);
2) a redução do seu preço de venda ao público seria de 6%;
e 3) propôs-se a revisão do Sistema dos Preços de Referência.

Ontem (27/12) o INFARMED enviou uma circular informativa a todas as farmácias, a dar conta destas três alterações.
As alterações são, passando a citar:
- a comparticipação do escalão B baixa de 70% para 69%;
- " " " " C baixa de 40% para 37%;
- " " " " D baixa de 20% para 15%. Tudo isto a partir do dia 1 de Fevereiro de 2007.
Ainda, a redução de 6% no PVP dos medicamentos comparticipados também entra em vigor a partir do mesmo dia. Finalmente, a revisão do sistema de Preços de Referência é que só irá efectuar-se neste dia 1 de Fev, ao contrário do previsto (dia 1 de Janeiro).
Os medicamentos de comparticipação do escalão A, mantêm os 95% de encargo pelo Estado.

Na realidade, o Estado foi bastante subtil nestas alterações, pois compensa a redução do PVP dos medicamentos com a diminuição dos seus encargos. Os jornais alertam para estas modificações e referem que o utente não deverá sentir diferença naquilo que pagam, dizendo mesmo que o público poupará cerca de 13 milhões de euros por ano (contra os 115 milhões de euros que o Estado poupará).

É também de referir que já se falou na hipótese de se acabarem com os regimes de complementaridade ainda em 2007. Mas ainda não passa de um rumor (?)...

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Má-informação?...

Os antipsicóticos de segunda geração como a risperidona, a olanzapina ou a quetiapina são considerados como tratamento de primeira linha para a esquizofrenia, por apresentarem menos efeitos secundários de movimento (como a discinésia) que os antipsicóticos de 1ª geração. No entanto, estas novas moléculas não estão livres de efeitos secundários, apesar de serem melhor toleradas pelo organismo.

Os efeitos secundários deste grupo de medicamentos engloba o aumento de peso, a tendência para o aumento do colesterol e da glicémia. Como tal, muitos das indústrias que produzem e vendem estes medicamentos têm mesmo tido a precaução de avisar os doentes e todos os profissionais de saúde que estes factores são de risco por levarem ao aparecimento de diabetes tipo 2.

Mas o curioso é que a empresa Eli Lilly (r), produtora do famoso Zyprexa (r), conseguiu manter numa espécie de segredo que a olanzapina também tinha estes dois riscos associados ao seu consumo. Ensaios clínicos foram feitos, claro está, mas os resultados foram tratados de tal modo que fosse possível informar os médicos e os farmacêuticos de tudo o que o medicamento tem de bom e mau, excepto essa característica de aumentar a glicémia com a toma prolongada do antipsicótico. O que é extraordinário, como vem referido neste artigo aqui, é que os delegados de informação médica tiveram mesmo ordens para não mencionar estes efeitos secundários. A empresa queria primar com a sua molécula com a ajuda da omissão de factos. Nem tudo lhes correu bem, porque ao longo dos anos em que o medicamento já está no mercado, os médicos notaram que os seus pacientes, mesmo tomando o Zyprexa (r), estavam a ficar obesos e com tendência para a hiperglicémia.

Todos os factos negros sobre este medicamento conseguiram ver a luz do dia graças a um advogado que representa nos USA uma associação de doentes esquizofrénicos e que tomam este medicamento. Pacientes que já se tinham queixado várias vezes das consequências que o antipsicótico lhes infligiu mas sem qualquer resposta por parte da empresa.
Resta agora saber, como é que se vai resolver este problema. Por um lado, ao longo dos anos, os médicos (dos USA) foram deixando de prescrever este antipsicótico, por suspeitarem deste possuir os mesmo efeitos secundários que as restantes moléculas de segunda geração possuem.
Mas por outro lado, falta a parte da regulamentação que tem de agir depressa para se evitar um maior número de doentes mentais com risco de terem diabetes tipo 2.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

Boas Festas!


Para assinalar a temporada que agora atravessamos, mas também para assinalar o primeiro Natal que o Linezolide *comemora*, a equipa deste blog deseja a todos os seus leitores um...
Feliz Natal


cheio de saúde! ;-)







da equipa,
Andie & Riacrdoo

sábado, dezembro 23, 2006

Nuestros hermanos sem papas na língua!

Uma notícia já com algumas semanitas (Setembro), mas que só foi ontem referida no site da Ordem dos Farmacêuticos, despertou a minha atenção.



O Governo Espanhol, após a instauração de um processo pela Comissão Europeia, veio defender o seu modelo de farmácia, baseando-se no elevado nível de protecção da saúde pública que as farmácias espanholas oferecem e no facto de que estas são estabelecimentos privados de sáude de interesse público.

A legislação espanhola estabelece uma relação especial entre os farmacêuticos e o estado espanhol, de modo a garantir o acesso da populção aos medicamentos e aos serviços prestados pelos farmacêuticos (cuidados farmacêuticos, etc.). Para além disso, o modelo espanhol de farmácia permite uma adequada cobertura de farmácias no país (cerca de 99% da população) com um rácio farmácia/habitante apenas superado pela Grécia e Bélgica, e com uma taxa de reclamação reduzida (0,22% do total de reclamações apresentado em Espanha). Por fim, a comunicação refere que o regime espanhol da propriedade das farmácias e acumulação de farmácias não transgride a legislação comunitária.

Este tema já foi muito debatido por todos os farmacêuticos (e estudantes!) em Portugal. É claro que todas as alterações propostas pelo Governo Português são baseadas em aspectos económicos, ou seja, quem pode ou não lucrar com o negócio das farmácias. Eu, pessoalmente, acho que qualquer pessoa pode lucrar com esta actividade, mas bem sei que é difícil separar o trigo do joio: o lucro de uma farmácia é uma função do volume de vendas, e não tanto do serviço prestado pelo farmacêutico. É um dilema que penso que a maioria das pessoas não se apercebe no meio desta discussão e que se coloca aos farmacêuticos não proprietários. Vendo hoje um bocadinho mais e garanto o meu posto de trabalho e se calhar um aumento no salário, ou presto um melhor serviço independentemente disso originar um aumento ou diminuição das vendas?

Espanha, por seu lado, abstrai-se de todas estas discussões e segura-se num argumento: as farmácias tal como estão garantem um elevado nível de saúde pública, e é isso que interessa. Daí que não queiram mexer em nada!

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Resultados da 1ª sondagem!

Pois aqui vou relatar os resultados da 1ª sondagem realizada no linezolide:

Pergunta: "Gosta da cara lavada do Linezolide?"

Sim! está muito mais giro!: 46%
Sim, mas o outro também era giro...: 38%
Tanto me faz, vim só ver a bola...: 8%
Não! O outro estava mais giro!: 8%

Tivemos 9 votações nesta sondagem. É de relatar que felizmente ninguém reprovou o novo aspecto do linezolide, e que também ninguém veio ver a bola ao linezolide! E a opção que reuniu mais votos foi mesmo a que indicava que o lifting ao linezolide veio mesmo a calhar!! A equipa do linezolide agradece por isso o reconhecimento do nosso trabalho para melhorar o linez.

Mas queremos mais votações nas próximas sondagens, foi um "n" piqueno e a equipa do linezolide anseia por uma maior actividade dos leitores do blog: mais comments aos posts e também mais votações na sondagem!

O linezolide agradece o apoio dado pelos leitores, e promete que vai continuar o trabalho que tem vindo a desenvolver!

Andie & riacrdoo

sexta-feira, dezembro 15, 2006

riacrdoo nosocomiado

Esta semana assisti a um simpósio sobre infecções nosocomiais Cá está um post sobre o simpósio!



Este simpósio foi bastante procurado por profissionais, não só farmacêuticos mas também enfermeiros, que se mostraram atentos às informações divulgadas.

Em primeiro lugar focou-se o papel das Comissões de Controlo de Infecções (CCI) que procedem à vigilância epidemiológica: esta vigilância pode ser passiva, quando são os profissionais não pertencentes às CCIs que notificam os casos, ou activa quando a própria CCI faz estudos de prevalência ou de incidência de infecções.

De seguida a professora Aida referiu os métodos de caracterização epidemiológica de bactérias multirresistentes, em concreto a fenotipagem (como ex. caracterização bioquímica, serotipo, sensibilidade aos antibióticos, etc.) e a genotipagem (por ex. amplificação por PCR de sequências genómicas, RFLP ou PFGE). De seguida referiu as diferentes classes de beta-lactamases existentes, focando em especial as beta-lactamases de largo espectro.

A professora Isabel Portugal falou sobre tuberculose multirresistente, referindo que esta faceta da tuberculose encontra-se num estado de sub-notificação em Portugal. Após referir que há alguns anos foi detectado num hospital de Lisboa uma situação de transmissão nosocomial de tuberculose, a caracterização epidemiológica das estirpes analisadas na fful não permitiu concluir se essa transmissão nosocomial continuava a existir ou não!

Quanto ao afamado Acinetobacter baumannii, tema abordado pela prof Gabrielada ffuc, parece que este é um problema essencialmente europeu, e em particular em Portugal (que maravilha). Parece que é um bicharoco muito resistente no meio ambiente, sobrevivendo mesmo em anbiente seco, ou seja, mantém-se durante muito tempo nos hospitais... Para melhorar ainda, o único antibiótico ao qual é sensível a estirpe que circula em Portugal (uma estirpe ibérica, segundo a prof Gabriela) é a colistina: tudo o resto não funciona com o acinetobacter!

A última parte a que assisti (é verdade, riacrdoo às vezes sai antes das coisas acabarem), foi uma magnífica experiência relatada por uma médica do hospital do SAMS. A CCI do hospital instituiu um programa de controlo da infecção por MRSA, que resultou muito bem: diminuição acentuada do número de doentes infectados com MRSA (peço desculpa, mas não registei os valores) e diminuição das resistências aos antibióticos. Isto tudo graças um bom controlo da infecção, com rastreios a todos os doentes novos que entravam no hospital, rastreios semanais aos doentes na UCI, rastreio nos profissionais, controlo rigoroso da utilização de antibióticos, descolonização dos doentes colonizados com MRSA mas não doentes, e também o isolamento dos doentes infectados!

Concluindo, foi um óptimo simpósio onde aprendi muita coisa. Principalmnte um aspecto, que já passei a alguns amigos meus: por favor, tentem não ficar internados num hospital por longos períodos de tempo! É que com as infecções que por lá andam...

Avanço na luta contra a osteoporose

Ora aqui está uma notícia que me intrigou primeiro de uma determinada forma, e depois, passados alguns dias, de outra forma.

Vamos por partes. A notícia que vos transmito refere-se a uma nova vertente de "combate" à osteoporose (mesmo que instalada), pois implica terapêutica génica nesta área. Até agora, os tratamentos desta doença baseavam-se na inibição dos osteoclastos (inibição da reabsorção da matriz óssea, portanto), ou então no estímulo, por parte dos osteoblastos, da formação óssea. A combinação destes tratamentos é bastante comum, para tirar partido da eficácia dos dois métodos de prevenção e combate à osteoporose (um exemplo disso é a associação de bifosfonados com colecalciferol - vitamina D3).
A inovação vem de estudos em ratos, que demonstram que a inactivação do gene Atp6v0d2 resulta em osteoclastos defeituosos e um processo melhorado de formação óssea. Os resultados traduzem-se num aumento significativo da massas óssea, e revelam a necessidade de melhor compreender a fisiologia e o metabolismo do osso (coisa para a qual já contribuiram!).

Na segunda parte deste post queria referir a minha indignação relativamente ao medicamento Protelos (r). Já tinha vendido este produto, já li o seu RCM algumas vezes, mas só esta semana é que conheci a DIM responsável por nos tirar dúvidas acerca deste produto farmacêutico. Como tal, essa senhora ensinou-nos o ranelato de estrôncio tinha exactamente as mesmas propriedades (em termos práticos e de resultados) que a experiência, acima referida neste texto. evidenciou. Diz a indústria que o produz (Servier (r)) que este medicamento é inovador por impedir a acção dos osteoclastos e favorecer ao mesmo tempo a formação da matriz óssea, tornando a balança mais pesada para o lado do crescimento ósseo. E parafraseando-os "Rebalança o turnover ósseo em favor da formação".


Agora eu pergunto, será que tem muito sentido uma terapêutica génica num momento onde este medicamento parece dominar a situação? É que as únicas precauções do Protelos são a insuficiência renal grave (por não terem feito estudos que provassem que o estrôncio se acumulasse nos rins destes doentes), e em doentes que há relativamente pouco tempo têm vindo a ser tratados para trombos sanguíneos.
É extremamente interessante esta dicotomia. Não quero parecer muito céptica em relação à terapêutica génica, mas neste caso acho que estamos perante uma situação em que essa terapêutica pode demorar tanto tempo a desenvolver, que a via de desenvolvimento de fármacos tradicionais seguramente a ultrapassará em largos anos de avanço.

sábado, dezembro 09, 2006

Linezolide: Alive and Kicking!

Quando hoje a equipa deste blog fez o seu log-in habitual para postar mais um comment, deparou-se com a situação de update do serviço Blogger. Surgiu assim a oportunidade de fazer evoluir o Linezolide associando-o a uma nova imagem, mais moderna e com cores mais apelativas (pensamos nós), e aproveitando as novas funções do serviço para editar todo o layout do blog.

Assim temos:
  • mais links para os sites de amigos (ou nossos) que possam despertar o vosso interesse, a novas leituras (ou no caso do flickr.com, a imagens).
  • mais links úteis de jornais, notícias, motores de busca, associações e escolas relacionadas com farmácia e toda a área farmacêutica, empresas da indústria farmacêutica nacional e internacional, etc etc etc!
  • uma sondagem semanal que está mais para o fim da coluna ao lado direito. Teremos o cuidado de escolher sempre perguntas pertinentes que apelem ao vosso voto, para sabermos a opinião do leitor do Linezolide. Começamos por uma pergunta mais soft, para saber se gostam deste novo estilo "modernaço" do blog. Façam o favor de votar :-)
  • mais botões e coisinhas de interesse, que vamos deixar espaço à nossa imaginação para preencher. Aqui aproveito para vos convidar, a vós leitores, que deixem a vossa sugestão quanto àquilo que queiram ver neste blog: alguma nova funcionalidade? alguma sugestão relativamente à imagem do blog? Deixem as vossas opiniões sob a forma de comentários.
Como vêem, ainda foram algumas as alterações feitas. Mas a mais importante e que visivelmente se destaca é a combinação de cores escolhida. (algo que nós estávamos à muito tempo para mudar...)

Assim, convido-vos a comentar esta mudança de look do Linezolide. Votem na sondagem!

A equipa do Linezolide agradece a todos os leitores pela vossa leitura e espera que corresponda sempre às vossas expectativas.
Um grande bem haja a todos!! ;-)

Andie & Riacrdoo

sexta-feira, dezembro 08, 2006

O que é que o tetrahidrocanabinol tem a ver com a diabetes?

Mais uma novidade para a diabetes! Acho que este também não vinha nos acetatos da prof Mª Augusta!


O rimonabant é um fármaco usado no tratamento da obesidade, com acção anorética. E o mais engraçado é que antagoniza os receptores dos canabinóides, em concreto o receptor CB1 (que também existe o CB2), provocando a redução do apetite. Isto porque da acção do tetrahidrocanabinol (um agonista destes receptores) resulta um aumento do apetite, sendo por isso o tetrahidrocanabinol usado para aumentar o apetite, por exemplo, em doentes de SIDA. É mesmo classificado pelo Infarmed no grupo farmacoterapêutico 2.13 - Outros medicamentos com acção no Sistema Nervoso Central.

O rimonabant é usado em doentes obesos ( IMC≥30kg/m2), ou em doentes com IMC≥27kg/m2 e factores de risco associados (diabetes tipo 2, etc.) para promover a redução do peso.
Ora foi precisamente num estudo com doentes com diabetes tipo 2 que se verificou um benefício do rimonabant nesta patologia. Segundo os resultados do estudo, o rimonabant para além de reduzir o peso dos doentes levou também a melhorias no controlo da glicemia, nos valores de colesterol HDL e LDL, nos trigliceridos, e na pressão arterial. Segundo os autores deste estudo, os doentes que nele participaram estiveram sujeitos apenas ao rimonabant como terapêutica farmacológica.

Uma curiosidade a nível nacional é a existência de duas apresentações do rimonabant autorizadas pelo Infarmed: exactamente com as mesmas dosagens e da mesma empresa! São eles o Acomplia® e o Zimulti®, ambos da Sanofi Aventis e com data de AIM de Junho deste ano. Pena é que nenhum deles seja ainda comparticipado pelo Estado, pelo que uma simples caixa de 14 comprimidos custe 55,09€!

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Aprovado o Dec-Lei nº 235/2006

E o que é que este Decreto-lei nº 235/2006, de 6 de Dezembro, nos interessa, como farmacêuticos?

Interessa pois trata-se da aprovação daquilo de que tem vindo a ser falado nos últimos tempos no que toca à existência (ou transformação, conforme preferirem denominar a situação) de farmácias nos hospitais como serviço de dispensa ao utente.
Concretamente, este decreto-lei estabelece o regime de instalação, abertura e funcionamento de farmácia de dispensa de medicamentos ao público nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e as condições da respectiva concessão por concurso público.
Logo no ínicio do texto deste diploma, vem referido o particular interesse do presente Governo na melhoria da acessibilidade dos medicamentos ao cidadão comum, facto que representa assim uma das suas prioridades (será o choque da saúde?...). É dos objectivos deste dec-lei que se defina o funcionamento ininterrupto destas novas farmácias hospitalares, que terão de funcionar em tudo (ou quase tudo, pois continuarão a ter a possibilidade de dispensar os medicamentos em unidose ao utente) como as farmácias comunitárias. Outro objectivo, tal como é referido anteriormente neste texto, é que a concessão da exploração comercial destas farmácias seja completamente transparente. A transparência é importantíssima ao Governo, uma vez que a abertura deste tipo de farmácias em Hospitais do SNS implica que sejam "roubados" alguns utentes das farmácias das redondezas dessas instituições, que certamente sentirão a quebra de vendas devido a estes novos desenvolvimentos.
É ainda de referir que a concessão destas farmácias poderá ser dada, no mesmo âmbito da alteração da lei da propriedade das farmácias prevista por este Governo, a sociedades comerciais cujos titulares podem não estar obrigatoriamente relacionados com o curso de Ciências Farmacêuticas.
Torna-se importante realçar que o processo de concretização destas medidas passa pelo pedido do hospital (de implantação da nova farmácia) e de contínua aprovação pelo INFARMED (que continua a ser a entidade reguladora de todos os requisitos que estas farmácias devem obedecer, para além da sua concessão em concurso público a gerir também pelo Min-Saúde).
Outro ponto a salientar é a definição de farmácia de zona, que figura no artigo 17º deste dec-lei (vale a pena ler as 6 páginas deste diploma). E também é de notar o requisito que define conceito de farmácia de zona, onde terá de ser provado que 15% da facturação provém do receituário vindo do hospital em causa.
Quanto aos hospitais que não fazem parte do SNS, o Governo prevê a concretização e aprovação de outro diploma que regulará a existência deste tipo de farmácias nessas condições (para breve, portanto).