domingo, abril 29, 2007

Mudança de Sondagem

Mais uma vez apresentamos os resultados da última sondagem linezolide!

À pergunta "Ensino pós-graduado, vale a pena?" as respostas foram as seguintes:

Sim, se doutoramento: 14% das respostas (2 votos)

Sim, se mestrado : 0% das respostas (0 votos)

Sim, se pós-graduações: 36% das respostas (5 votos)

Não vale a pena: 14% das respostas (2 votos)

Eu vou a todas: 21% das respostas (3 votos)

A formação contínua
chega perfeitamente: 7% das respostas (1 voto)

Depende da instituição
de ensino: 7% das respostas (1 voto)

Desta vez conseguimos superar o número de votantes em relação à última sondagem: 14 votos nesta sondagem!
Analisando estes resultados, verifica-se uma certa dispersão dos votos, com uma maioria a dizer que preferiria fazer pós-graduações, e que ninguém pensaria fazer um mestrado. Analiso estes resultados da seguinte forma: as pessoas preferem fazer pequenas formações que lhes garantam alguma mais valia sem ter de dispender muito tempo, ou então quando se dedicam a um trabalho mais sério preferem especializar-se num determinado tema, fazendo um doutoramento.
Três pessoas consideraram que se deveria passar por todas estas etapas do ensino pós-graduado. Significa que consideram que todos estes tipos de formação trazem benefícios, e que um bom profissional deveria ter no seu currículo estas formações.
Apenas uma pessoa referiu a instituição de ensino como um factor importante antes de decidir qual formação escolher.

Ficamos à espera de mais votos nas próximas sondagens, queremos um linez mais participativo e mais comentado!

sábado, abril 28, 2007

Terapêutica Hormonal de Substituição

Aqui há dias saiu uma notícia sobre um estudo publicado na revista The Lancet, que referia que a terapêutica hormonal de substituição (THS) promovia um aumento de cerca de 23% no risco de morrer por cancro do ovário. Porém, se se considerasse o efeito desta terapêutica no cancro da mama e no cancro do colo do útero, a incidência total para os três tipos de cancros subia 63%. Este estudo também concluiu que, se esta terapêutica for descontinuada, o risco de ter cancro do ovário diminui para valores semelhantes ao da população em geral.

No entanto, este estudo é criticado por várias pessoas e entidades. Em Portugal, a Sociedade Portuguesa para a Menopausa disse que as conclusões deste estudo não produziram evidência científica suficiente para alterar a prática clínica, e que este estudo possui também deficiências metodológicas. Referem que a polémica que se gerou quando começaram a aparecer estudos que associavam a THS ao cancro da mama, levou a uma maior prudência quando estes medicamentos são receitados. E que as mulheres que são sujeitas a esta terapêutica são hoje muito mais controladas que anteriormente.

Resta saber quem tem razão: muitas mulheres fazem esta terapêutica para controlar os efeitos da menopausa, e estudos anteriores referem que os riscos associados à THS são mais importantes que os benefícios obtidos.

domingo, abril 22, 2007

Nova lei da propriedade das farmácias

No passado dia 19 de Abril, foi aprovada na Assembleia da República, em maioria do PS, a alteração da lei da propriedade das farmácias portuguesas. A oposição absteve-se: tanto PSD, BE, como CDS-PP; e opôs-se o PCP.

Já agora, aproveito para parafrasear o primeiro-ministro José Sócrates, tal como o Diário Digital o fez, dizendo que esta alteração porá o fim de «um regime de condicionamento reconhecidamente anacrónico que perdurou tempo demais» (em Maio de 2006).

[O PCP opôs-se? então mas a cassete do PCP não é contra o capitalismo e os monopólios?...]

E porque é que o resto da oposição se absteve? A resposta, penso eu, será a que o mesmo "jornal" adianta: "Na semana passada, toda a oposição criticou a opção do Governo por liberalizar a propriedade das farmácias através de um pedido de alteração legislativa em vez de apresentar uma proposta de lei, que permitiria um debate mais aprofundado no Parlamento."

Não se assustem! A Alliance Boots não pode vir para Portugal começar a comprar farmácias a torto e a direito!... Há um limite de quatro propriedades para a mesma entidade / pessoa.

Na minha opinião pessoal acho que a lei tinha mesmo de ser actualizada, não faz sentido manter-se uma situação como esta. Chega a ser ridiculamente contornada com pais e filhos e tios e primos cada um a ter a sua farmácia mas a formar uma espécie de "sociedade anónima familiar" onde partilham lucros & stocks! Se o negócio é bom, porque não multiplicar? É o que estes fazem!
No entanto, mais uma vez, a falta da discussão na comunidade política é sinónimo de pouco de interesse e informação sobre o assunto. O argumento máximo é sempre "contra os monopólios", "contra o lobby".
Tiraram a exclusividade da propriedade aos farmacêuticos, mas não tenho pena da classe. Do modo como vejo isto, se alargassem o sistema para ser muito facilitado o negócio e a oferta ao público, certamente haveria pessoal inteligente a comprar farmácias e a torná-las ainda mais rentáveis. Sejam eles farmacêuticos ou não. O bom negócio é bom quando funciona.
Senão vejamos um exemplo bem português, os cafés. Qualquer um abre um cafézito em Portugal. O problema é que se vendermos só bicas e pastéis de nata, mais tarde ou mais cedo há qualquer coisa que corre mal, temos de pagar uma conta maior que nos leva o budget todo do mês e já entramos no ciclo vicioso da falência.
A ciência de manter uma farmácia aberta não é para qualquer um. A facilidade de adquirir uma terá sido concedida, mas a sua gestão mantém-se e a sua evolução depende sempre de pessoas credíveis e competentes. Os farmacêuticos podem tirar cursos de gestão que os ajuda a compreender o sistema de organização e como aplicar os princípios de gestão na farmácia. Aliás, os farmacêuticos actuais proprietários já vão com um head-start incrível! Quem tiver uma farmácia, pode tratar de pensar em comprar mais uma. :-)
O produto a vender condiciona muito o sucesso do negócio, e acho que não é um chico-esperto que irá revolucionar sem mais nem menos a venda dos medicamentos - há regras a cumprir! (e os farmacêuticos DEVEM segui-las...)

Em adenda, foi também legislado (ou alterada a legislação) da venda de medicamentos ao domicílio e pela internet. Coisa que eu quero saber como é que o Governo Português resolveu. Um caso a investigar.

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Edit:
Estava a ler isto novamente e pensei: "Mas conheço umas farmácias cuja gestão é tão caótica e que revela a facilidade de manter o negóciozinho pequenino e local!" É uma contradição com a frase "A ciência de manter uma farmácia aberta não é para qualquer um".
Mas aí é que está a maravilha (na minha opinião) da facilidade de acesso à propriedade de farmácias, se fosse bem constituída, haveria uma maior concorrência, aparentemente desleal para o pequeno proprietário mas que leva a uma qualidade de serviços mais eficazes, rápidos e standardizados (que requerem seguimento de protocolos). Mas com 4 farmácias não se faz concorrência suficiente. É como ter 4 franchises de pizza-huts em Portugal inteiro!...

Continuo a achar que esta alteração só veio "oficializar" os negócios de família...


sábado, abril 21, 2007

Animais beta-agonizados...

Nesta semana que passou veio a público que a Autoridade para a Segurança Alimentar (ASAE) andou a fazer inspecções sobre a utilização de agonistas beta-adrenérgicas em animais. Foram inspeccionadas várias explorações de gado bovino, matadouros, fábricas de ração e transportadoras de animais, e o saldo foi a apreensão de mais de 1800 cabeças de gado bovino, oito processos crime, quatro processos de contra-ordenação e as duas fábricas de rações foram encerradas.

Para quem não se lembra, a utilização de agonistas beta-adrenérgicos em gado tem dois objectivos: por um lado o aumento da massa muscular por aumento da síntese proteica, e por outro a redução do tecido adiposo por aumento a lipólise. Deste modo é possível obter animais com maior quantidade de músculo que trariam mais lucro aos seu produtores.

Significa isto que, apesar de muita legislação aprovada quer a nível nacional quer a nível comunitário, os produtores de gado para consumo humano continuam a utilizar estes estratagemas para aumentar o seu lucro: um bom bife com bastante músculo e pouca gordura é muito mais valorizado.
Porém, não há bela sem senão: um bife proveniente de um destes animais irá certamente encolher na frigideira! E também levará à ingestão de resíduos destes fármacos: se juntarmos mais uns antibióticozinhos e uns esteróides anabolizantes, temos um belo cocktail para o jantar, quando queríamos simplesmente comer um belo bife (de preferência acompahado com umas batatas fritas carregadas de sal e com uma pitada de acrilamida).

Precisamos de mais inspecções neste país, para este problema (e para muitos outros). A ASAE anda a fazer das suas e eu até tenho apreciado o seu trabalho!

quinta-feira, abril 19, 2007

Condroitina: uma fraude?

sulfato de condroitina

Sulfato de condroitina, é um componente da matriz extracelular e tem a função de manter a estrutura da cartilagem por ser constituinte do proteoglicano. As cadeias empacotadas de sulfato de condroitina dão resistência suficiente para a cartilagem se manter ao longo da nossa vida, no entanto, quando há uma perda destas cadeias neste tecido normalmente está-se numa situação de osteoartrite.
Nesta sequência, esta substância é consumida mundialmente em suplementos alimentares que visam a melhoria dos sintomas da osteoartrite. Muitas vezes estes suplementos são combinações de sulfato de condroitina com glucosamina.
Em termos de ensaios clínicos para avaliar a eficácia desta molécula na melhoria dos sintomas de artrite, em 2006 o National Institute of Health (EUA) patrocinou a investigação da eficácia da associação glucosamina + condroitina. O estudo concluiu que os resultados não eram estatisticamente significativos na melhoria dos sintomas quando comparando cada um dos suplementos (condroitina ou glucosamina) com o celecoxib (que mostrou resultados significativos na melhoria dos sintomas). No entanto, numa análise conjunta dos dois suplementos em doentes com dor moderada a severa, produziu resultados satisfatórios na melhoria destas condições.
Em conclusão, o estudo permitiu dizer que os dois suplementos poderão ter algum efeito positivo no alívio da dor provocada pela artrite, são seguros por não apresentarem efeitos secundários graves, especialmente a condroitina.
Recentemente, um estudo conduzido por investigadores da Universidade de Berna, na Suiça, chegaram à conclusão através de uma análise alargada de doentes de atrite reumatóide, puderam concluir que comparativamente com o placebo, a toma continuada de condroitina não leva a melhoria (estatisticamente significativa). Mas as boas notícias é que conseguem concluir que realmente é seguro tomar este suplemento.
Ficamos por saber, se um estudo com um maior número de doentes nas mesma condições que aquele mais selectivo, patrocinado pela NIH, deverá produzir resultados positivos.
A recomendação mantém-se: "quem acredita no efeito da condroitina + glucosamina deverá continuar as suas tomas". Eu pessoalmente acho que isso não é medicina, mas sim jogos psicológicos com as pessoas. Se um estudo prova que tomar aquilo ou uma pastilha de açúcar é mesma coisa, não sei se o facto de acreditar naquilo que estou a engolir é que vai fazer com que deixe de sentir dores.

Os suplementos alimentares são ciência ou é uma questão simplesmente empírica? Isto é uma questão que a legislação e os procedimentos de colocação no mercado deveriam responder, mas que são tão dúbios e contornam tão bem os obstáculos (i.e., as necessidades que a ciência implica para uma melhor compreensão das moléculas e do seu impacto na saúde) que ficamos na mesma. E depois temos as pessoas a perguntar se acreditam em produtos suplementos alimentares ou homeopáticos...
Ou é ou não é! A saúde não é ter fé na molécula!