quinta-feira, junho 22, 2006

Resposta ao teu post! :-)

Pois é, eu também vi isso no jornal, na tv... por aí fora (Acho que foi uma das primeiras notícias do telejornal da tvi!! claro, ao gosto popular, um estudo que relaciona dois aspectos muito curiosos).

Eu tenho de responder a isto porque se há coisa que mais me chateia às vezes, neste pequeno mundo que me rodeia, é o facto de sair dum exame que me corre PESSIMAMENTE, chegar a casa e divulgar o meu ressentimento face a esse teste e depois ouvir:"mas porque é que não copiaste?"
Sim, porque quem fica para trás [pelos vistos] são os honestos, aqueles que são humildes e levam a sério o objectivo de um exame - avaliar as nossas capacidades face a vários problemas propostos!
Mas será que vale a pena? Vamos analisar...

A curto prazo, tenho uma boa nota, ou pelo menos melhor do que se não copiasse! Ao copiar não vou perder tempo a tentar resolver o problema à minha maneira e nem me vou dar ao trabalho de estar a ficar nervosa por não saber a resposta. Ao copiar estou a tentar contornar o obstáculo.

E a longo prazo? A longo prazo... está então provado que o copianço vai tornar-se uma constante na vida profissional, ou seja, em vez de ultrapassar os obstáculos criando soluções criativas e inéditas para os problemas, posso cair na tentação de contorná-los por copiar soluções que não se adaptam à questão...

Uma coisa tão simples como perguntar ao colega da frente se a resposta da pergunta 2-a é verdadeira ou falsa pode criar este vício? Eu acho que depende da pessoa. Mas digo-vos meus colegas, mesmo depois de ouvir durante 5 anos a minha querida mãezinha a dizer-me "copia! não sejas tansa e não fiques para trás só porque te atrapalhaste! sê esperta!" (ricos conselhos!!! :-P), eu acho que o mais importante é sabermos que daqui a uns tempos vamos ser profissionais de saúde. A atitude que temos perante o trabalho será sempre considerada onde quer que trabalhemos.
Se querem que vos diga, acho que devia haver um estudo que relacionasse o desempenho dos universitários em relação aos trabalhos de grupo e a sua atitude profissional no futuro. Aí sim é que se vê claramente quem é que se orienta sozinho a trabalhar com mais 3 "colas"!!.....

Idiossincrasias (I)


By Bandeira, in Diário de Notícias, 19 de Junho de 2006





Hoje vai algo diferente, para não ser só conversa farmacêutica!

Gosto muito dos cartoons do Bandeira que aparecem no DN. Se bem que este não se aplica muito a mim: eu não me lenbro de ter alguma vez copiado... Serei incorruptível??

Nunca tive a tentação de olhar para o lado e "basear" as minhas respotas nas respostas dos outros! Já dei muitas borlas a muita gente, inclusivé trocar de testes (num longínquo teste de história no 8º ano, onde é que isso já vai...), mas eu copiar, não! Às vezes é um pouco irritante, quando estou no meio de um cálculo ultra complexo ou num raciocínio hiper abstracto, e vem alguém: " ó ricardo, o que é que respondeste na 2 da escolha múltipla??"...
Mas não sou contra o copianço, eu é que não o faço! Parto-me a rir quando alguém sai de um exame e diz que se fartou de trocar impressões não sei com quem, isto na primeira fila do anfiteatro!!

Acho que devia começar a copiar, nem que seja no final deste magnífico curso de ciências farmacêuticas...

Droga!!

Não, não vou comentar o facto de nos ensinarem, durante estes 5 anos de licenciatura, a dizer fármaco em vez de droga! :-P

Vou comentar uma notícia que me deixou um pouco curiosa.

Recentemente nos USA têm ocorrido muitas mortes de toxicodependentes viciados em heroína. Nada de novo considerando que há muita probabilidade de overdose neste tipo de droga de abuso. No entanto, o número de mortes tão elevado tem sido estudado e rapidamente a polícia americana descobriu que se trata duma mistura letal que tem vindo a ser vendida como heroína pura aos "consumidores".
Trata-se de fentanil + heroína. Ora o fentanil é um fármaco opióide potente na sua acção de analgesia da dor (especialmente usado nos doentes de cancro). É portanto, um análogo da morfina, 80 vezes mais potente, e por isso, usado em doses terapêuticas 80 vezes menor... E nesta mistura, está claramente provado que o fármaco é produzido em laboratórios "independentes" e "clandestinos"!
Assim se andam a matar os toxicodependentes, de uma modo lento mas progressivo, pelos USA fora...
Eu, pessoalmente, tenho duas perguntas:
1) qual é o objectivo dos "drug-dealers" venderem este cocktail opióide?
2) os relatos noticiosos dizem que mesmo quando a polícia avisa os toxicodependentes deste potencial risco, estes permanecem nas ruas com o intuito específico de tentarem obter esta mistura. Porquê? Estão assim tão desesperados para sentirem a sensação de aventura? (vê-se mesmo que já não estão bons da cabeça...)


Tudo isto faz-me pensar no lado perverso da síntese química!... A mesma ciência que cria moléculas tão importantes para a saúde humana (e animal!) e que permitiu ao Homem, duma maneira geral, sobreviver muito para além daquilo que a selecção natural lhe permitia!

quinta-feira, junho 15, 2006

Notícias do mundo...

Ontem estava aqui online a tirar dúvidas de Saúde Pública * a propósito, para quem poderá interessar, o exame correu-me maravilhosamente atrapalhadamente mal! * :-), quando vi no google.news uma notícia que me chamou a atenção. Visto que agora tenho um relatório quasi-diário daquilo que há de farmacêutico no meu dia-a-dia... resolvi "postar" acerca deste belo momento histórico das ciências farmacêuticas! ;-)

Sim, mais uns medicamentos para a malta!!
:-) Mas, para a diabetes!! É da Novo Nordisk, ainda se encontra em ensaios clínicos (fase 3, por isso qualquer dia anda por aí à venda...) e está provado que não só baixa eficazmente a glicémia dos doentes (diabetes tipo 2, claro) como diminui o peso do doente (ou pelo menos não deverá contribuir para o seu aumento). Chama-se liraglutide, altera a resposta das células do pâncreas à libertação da insulina pois é um análogo do péptido glucagon-like. Trata-se de uma maravilha da biotecnologia farmacêutica, portanto! :-)

Mas espera, há mais! Outro fármaco, da Eli Lilly & Co., chamado Byetta (calculo que já seja o seu nome comercial), encontra-se já no mercado e tem tido uma boa aceitação porque promove exactamente a mais-valia destes novos medicamentos antidiabéticos- a perda de peso.
Podemos então constatar que a indústria farmacêutica preocupa-se hoje em dia (ou alías, e melhor dizendo, desde os últimos anos de investigação) a melhorar o peso dos doentes diabéticos, deixando esta necessidade de ser inteiramente ao cargo do paciente e da educação da sua saúde. Alíás, contraria mesmo o efeito que os antigos fármacos tinham de aumentar o peso (aumentando assim o factor de risco, obesidade, para esta doença). É o chamado dois-em-um!
E na realidade, é isto que movimenta esta indústria... Como diz o meu irmão (e bem) "think out of the box!"

O mais giro, curioso até, é que não me lembro que se tenha falado destes análogos do glucagon em terapia! :-P Correct me if i'm wrong... (eu posso ir ali ver os acetatos da exmª profª Mª Augusta Soares -- mas não quero lembrar-me que tive de saber aquele calhamaço de informação! hehe!)

quarta-feira, junho 14, 2006

Bicho Carpinteiro

Dia de chuva, o jardim fica a cheirar bem! Nada melhor que escrever um post!

Hoje vai ser sobre uma das maravilhas da comunidade científica: o síndrome das pernas irrequietas (RLS - restless leg syndrome).
Isto começou quando há já alguns dias andava a fazer uma magnífica pesquisa de artigos na net, que resultam quase sempre numa série de artigos que não têm nada a ver com aquilo que queríamos. Apareceu-me um review, que vou aqui relatar, e que os curiosos podem procurar nesta referência: Mathis, Johannes (2005): "Update on restless legs", Swiss Medical Weekly, 135, 687-696. A publicação não era minha conhecida (não é nenhum Lancet), mas o tema era muito curioso!
O magnífico RLS é carcterizado por uma necessidade insistente de mover os membros, por vezes mesmo por movimentos expontâneos; um aumento destes sintomas no descanso e durante a noite ou sono; e um alívio dos sintomas quando em movimento. Cerca de metade dos doentes tem história familiar de RLS, 90% tem insónias e, maravilha das maravilhas, mais de 5 movimentos periódicos por hora durante o sono ( mas quem é que se dá ao trabalho de contar os movimentos durante o sono?? )!
Enfim, mas o que mais me assuta é o tratamento que este senhor indica para esta patologia tão inquietante: a terapêutica de primeira linha começa com levodopa ou um agonista dopaminérgico (pramipexol ou ropinirol, este último melhor na IRC pois também não tem eliminação renal!!), mas depois é capaz de chegar a benzodiazepinas, antiepiléticos (valproato!) ou opióides (o tramadol é tramado!)!!! Isto porque parece que a doença está associada a desregulação nos sistemas dopaminérgicos e dos opióides.
Mas eu alguma vez queria ver o meu bicho carpinteiro tratado com metadona ou valproato?? Ou morfina, que também vem referenciado? E quanto à levodopa, que este autor recomenda, tem um magnífico efeito rebound no dia a seguir de manhã, onde os sintomas são exarcebados! Mas vá lá, os agonistas dopaminérgicos têm este efeito em menor proporção dos doentes...
E já agora, será que sou só eu a fazer a associação bicho carpinteiro-problemas psicológicos? Não é possível que estados de depressão ou ansiedade estejam na origem deste problema? O artigo não revela nada, ou é uma hipótese à muito descartada ou então é simpaticamente (d)esquecida...
Eu acredito que o RLS seja incomodativo para os doentes, mas prefiro mexer-me quando estou a dormir a esta terapêutica!
Ó Andrea, se alguma vez te queixares do insecto que durante a noite roi a tua cama, dá-lhe um tramadol para ele se tramar!

terça-feira, junho 13, 2006

Saúde Mental Pública

Pois é Ricardo... ainda não passaste pela chatice que é Saúde Pública!... Ainda bem, espero bem que na altura sejas a única pessoa a dizer, "olha Andrea, por acaso até estou a gostar disto!" Hehe, :-)

Eu acho incrível a quantidade de informação que eu tenho de aprender sobre Saúde Pública... Sinceramente nunca pensei que isto fosse tão chato! É que desde a história, a evolução do sistema de saúde em portugal, os indicadores todos e mais alguns acabando na epidemiologia, não há nada engraçado de se saber sem ser os gráficos de barras ou pictogramas pelo meios dos slides... :-) Faz-me lembrar os tempos de geografia do 7º e 9º ano (ou seria 7º e 8º? já nem sei), em que me divertia a ver quantas pessoas em portugal não tinham saneamento básico, ou a taxa de natalidade europeia comparada com a dos USA... Ah, belos tempos. Quem diria que eu viesse a TER de saber como se calculam esses valores que deliciam milhões por este mundo? Também faz-me lembrar quando vemos o telejornal às 20h, quando eles dizem "portugal está na cauda da europa quanto à taxa de..." qualquer coisa!... Mas pronto, não vim para aqui criticar o país, vim só mesmo criticar a cadeira.

E como já me aconteceu antes, por exemplo como com toxicologia 1 :-P, espero bem que o meu cérebro fixe só as informações estritamente necessárias para que eu não passe vergonhas no futuro. Sim, porque acho que não saber que o principal mentor do serviço nacional de saúde português foi Gonçalves Ferreira (e em que data ele o implementou), não é propriamente o pior momento da vida de alguém...

E lá vou eu de volta ao estudo, tentar não adormecer por entre definições e cálculos da "treta"...


Primeiro post!!

Eis o blog linezolide, o blog que dá para tudo e não tem eliminação renal!