quinta-feira, outubro 05, 2006

Duas notícias sobre inteligência

A primeira notícia interessante que li há uns dias refere-se ao facto de ter sido finalmente comprovado que as hormonas esteróides induzem, indirectamente, a morte de neurónios. Já se sabe que os fármacos esteróides, no fim do seu metabolismo, levam ao aumento de níveis de testosterona. Ora o que um dos estudos comprovou é que, ao administrarem altas doses de testosterona numa cultura de células nervosas, esta hormona induzia à morte das células por apoptose. De facto, os cientistas americanos (da Univ. de Yale) explicam que este processo normalmente ocorre para as células que estejam, de uma maneira ou de outra, danificadas. No entanto, quando o processo de morte programada já afecta células nervosas saudáveis, o resultado final é hiperexcitibilidade das células, correspondendo a um perfil de agressividade e atitudes depressivas / suicidas (bastante comum nos atletas de musculação que usam e abusam de esteróides). Num momento mais grave desta condição, estas pessoas estarão a pôr em perigo a sua saúde em longo prazo, uma vez que este massacre das células nervosas pode levar a problemas de Alzheimer ou doença de Huntingdon.
Curioso ainda é que, num outro estudo efectuado em ratos em idade adolescente, foi-lhes administrado fármacos esteróides [dos utilizados pelos atletas] e pôde comprovar-se esta agressividade e fúria típica dos desportistas.
Deste modo, comprova-se assim a atitude mais agressiva dos desportistas que usufruem dos esteróides para aumentarem a massa muscular e secam as suas camadas de gordura que (pensam eles) estará a mais...


Noutro assunto um pouco mais light, a relação positiva entre "bebés que amamentam do leite da mãe" & "QI elevado" está mais ou menos errada! Para os curiosos, esta relação iniciou a sua discussão no ano de 1929 (andava o meu avô na 4ª classe...).
Isto é mais uma daquelas relações filosóficas onde viram que as crianças que eram mais inteligentes e tinham sido, todas elas, amamentadas com leite da sua mãezinha quando eram bebés. No entanto esqueceram-se de algumas variáveis ao longos dos anos de estudos sobre esta questão, até aos dias de hoje. Agora já se sabe que esta relação só é positiva porque na realidade a culpa é da mãe e não do leite materno! O que se passa é que, uma vez que se comprovou que outra variável em comum nas crianças espertas eram, de facto, as suas mães inteligentes, com graus de habilitações elevados, com boa educação e que podiam providenciar aos seus filhos um bom ambiente de educação e aprendizagem, toda a relação "quem bebe leite da mãe é mais inteligente" foi posta de parte.
E de que maneira é que se comprovou isto? Ora... através dos irmãos!! Dois irmãos, um sem leite da mãe, outro com leite da mãe: qual deles o mais inteligente? Nenhum, porque a diferença entre os QIs dos meninos não é considerada significativa! ;-)
De qualquer maneira, e como tudo na ciência é refutável, espera-se a qualquer momento mais um estudo que comprove por A + B que esta relação existe mesmo.
Interessa salientar que mesmo que não torne os bebés uns géniozinhos, o leite materno favorece as suas defesas naturais, diminui o risco de mais tarde a criança sofrer de obesidade e ainda de HTA quando em adulto [as coisas que eles descobrem!]. Como nota de referência, a OMS recomenda a todas as mães que dêem do seu leite a mamar às crianças, pelo menos até aos 2 primeiros anos de vida.

1 comentário:

riacrdoo disse...

Este tema dos efeitos neuronais das hormonas esteróides já me tinha passado também uma vez pelos olhos, de novo numa pesquisa de artigos onde nos aparece de tudo. Mas neste artigo (mais uma vez uma review de qualidade duvidosa), falava que a testosterona tinha um efeito neuroprotector! É claro que era tudo no género "parece que", "aparentemente"...
Mas fica esta nota, há também quem diga que afinal a testosterona até beneficia o cérebro!