quinta-feira, novembro 09, 2006

Cuidados para farmacêuticos

Sabiam que ter um estagiário até dá jeito aos farmacêuticos sénior? Segundo eles nós aparecemos com os conhecimentos muito mais frescos, e por vezes apanhamos alguns promenores interessantes.

Na semana passada fui encomendado de fazer um pequeno quadro-resumo sobre os estupefacientes que são utilizados no hospital, trabalho esse que me levou a ler os RCM de uma série de fármacos à procura de algumas informações: indicações terapêuticas, dosagens, posologias, vias de administração, etc.



Num desses medicamentos, o transdérmico de fentanilo Durogesic®, vem um extraordinário parágrafo:


Os sistemas transdérmicos usados, depois de removidos, devem ser dobrados ao meio, fazendo aderir pela parte adesiva, colocados na saqueta em que estava antes de ter sido utilizados e deverão então ser entregues na farmácia.

Isto causou polémica nos serviços farmacêuticos! Primeiro ninguém sabia disto, e depois ninguém sabia muito bem o que fazer com os sistemas usados. O mais certo é irem para inceneração!

Noutro dia, fui eu que fui surpreendido com mais um procedimento que deveria ser feito, desta vez em doentes oncológicos submetidos a quimioterapia.

Sabiam que é preconizado que as fezes e urina destes doentes deveriam ser recolhidos para posterior destruição adequada? Alguma vez pensaram que estes resíduos estão cheios de substâncias cancerígenas que vão contaminar o meio em volta? Eu pelo menos nunca tinha pensado nisto, mas a farmacêutica que me explicou isto fez uma cara bem séria, como que deveria ser uma coisa a pensar para o futuro.


Certas coisas passam-nos um pouco ao lado, é preciso estar atento a estes pequenos promenores da vida farmacêutica!

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá Ricardo... No HSFXavier, já me foi dito que a prática da recolha de urina e fezes de doentes em hospital de dia de oncologia, é comum nesta instituição. No entanto, e como estás recordado da Biofarmácia e Farmacocinética, a eliminação de maior parte dos fármacos não é assim tão rápida...o doente quando chega a casa, precisaria de ter recipientes adequados para posterior eliminação de tais fluidos corporais. Assim, não tendo tais dispositivos, o citotóxico, viaja por caminhos (des)conhecidos, até atingir uma ETAR. Aí, não parece haver nenhum tipo de plano de remoção de tal(tais) substância(s)...seguindo livremente a(s) molécula(s) de citotóxico(s) até à natureza.
Podes agora perguntar se o efeito de diluição não ocorre. Claro que sim, mas com o andar da carruagem, se não houver um sistema eficaz de eliminação de tais resíduos, já tou a ver os peixes a acumular não só MeHg mas tb CMF, MTX, 5FU, TXT, ADR entre outros....
Um abraço.

riacrdoo disse...

Live and learn, boa Miguel!! Parece que há instituições que afinal seguem estas recomendações. Muito bem, sim senhor!!