sábado, novembro 04, 2006

Health ketchup, edição nº4

Prontos para mais um health ketchup? ;-) Sinto-me um disco riscado, por estar sempre a repetir o formato dos meus posts e também por dizer que não tenho tido tempo para postar neste blog! Mas a verdade é esta e não consigo arranjar melhor alternativa do que este formato... "ketchup"!
Então cá vão as notícias que me despertaram a curiosidade:

#1 - Há uns dias vi na Forbes um artigo que comentava um estudo de saúde pública feito para avaliar a eficácia da vacina da gripe na prevenção desta doença, nos dias que correm, em relação à população que é actualmente vacinada. O estudo assugura que nada garante que a população vacinada, que normalmente é aquela que é considerada como estando em risco (crianças 6-24 meses, idosos e doentes crónicos), esteja realmente protegida contra o vírus da gripe. É algo que para nós, estudantes de farmácia, ainda por cima por termos tido a cadeira de virologia agora no recente 5º ano, até podemos compreender. Ora vejamos, a vacina é (normalmente) feita com vírus inactivos. O vírus da gripe, Influenzae é um vírus que tem vários segmentos genómicos que facilmente comutam entre si, havendo portanto maior facilidade de se criar novas estirpes. Assim, mesmo que se vacine com um vírus da gripe inactivos que tenham pertencido a estirpes relativamente novas, nada nos garante que essa estirpe ainda seja a que infecta a maior parte da população. Sendo assim, tudo depende da estirpe que circula durante os meses de Inverno em cada ano. Deste modo, este estudo epidemiológico concluiu que, por exemplos no grupos dos idosos, estas vacinas têm uma eficácia de somente 60-70%. O que realmente se conclui neste estudo publicado no British Medical Journal, é que não há estudos suficientemente bem esclarecidos que provem a eficácia a 100% das vacinas que correntemente são alvo da atenção da população mundial que se quer prevenir contra a gripe. É realmente alarmante, especialmente quando já se fala na possibilidade da pandemia da gripe das aves.

#2 - Esta notícia é um dois em um: primeiro pela notícia em si mesmo, e depois porque refere-se a um passo de desenvolvimento de fármacos muito importante e que tem estado muito em voga - o chamados carriers. Portanto, cientistas americanos & italianos estudam a hipótese de se poder criar um contraceptivo masculino, através de um fármaco que desenvolveram - "adjudin" - e que tem como alvo as células de Sertoli, importantes na espermetogénese por permitirem a maturação dos espermatozóides. Este composto, ainda só testado em ratos, terá como mecanismo de acção promover a separação dos espermatozóides, ainda por amadurecer, das células de Sertoli, provocando infertilidade temporária. Quanto ao segundo lado desta questão, esta molécula foi associada à hormona FSH que funciona como carrier por levar pequenas doses para os testículos do rato, impedindo assim doses superiores e evitando efeitos adversos exacerbados.

#3 - Finalmente está a ser criada a hipótese de haver um teste sanguíneo de rastreio da doença de Alzheimer. Os investigadores basearam-se em diferenças de proteínas que o sangue destes doentes apresentam em relação às pessoas saudáveis (viva à proteómica!!). Embora ainda falte muito tempo até termos verdadeiramente disponível um teste deste tipo, a sua importância não pode deixar de ser referida. A doença de Alzheimer tem sido alvo de vários estudos que desenvolvem tratamentos a serem seguidos nas fases iniciais da mesma, o maior problema é conseguir fazer o diagnóstico numa fase tão inicial. É neste contexto que se insere a importância deste futuro rastreio.

#4 - No UK (Univ de Edinburgh) descobriram um gene ligado à psicose/esquizofrenia. Denominaram este gene de neuregulin (em inglês), que descobriram ter uma maior probabilidade de se encontrar em pessoas esquizofrénicas do que em pessoas sem sintomas psicóticos. Já se sabe há algum tempo que esta doença tem contributo genético em causa, mas esta é a primeira vez que se discute a existência de um gene responsável pelos distúrbios psicóticos verificados nas pessoas esquizofrénicas. De qualquer maneira resta saber em que medida o gene influencia. Ou seja, até agora sabe-se que pelos menos este gene constitui uma diferença (em termos hereditários) entre as pessoas com psicoses e aquelas sem esses sintomas. Mas mais estudos devem ser desenvolvidos para descobrir aquilo em que o gene implica, até porque só assim se perceberá melhor a doença e poderá, eventualmente, chegar a uma terapêutica cada vez mais específica.

2 comentários:

riacrdoo disse...

Pois, esta vacina tem muito que se lhe diga. Fizeste muito bem ao frisar que a vacina só deve ser administrada à população mais em risco (crianças, idosos, doentes crónicos, e profissionais de saúde), mas dá-me a sensação que muitas vezes é dada a pessoas que não precisam dela, e quem devia recebê-la não quer. Há dias tinha um colega meu a perguntar-me se valia a pena levar a vacina, visto que o escritório onde ele trabalhava estava a oferecê-la: disse-lhe que não valia a pena, visto que não pertencia a nenhum grupo de risco. Por outro lado, já vi alguns farmacêuticos a tentar fugir à dita vacina simplesmente porque não queriam tomá-la. Se ainda por cima não funciona como seria necessário que funcionasse, realmente a sua utilidade é posta um pouco em causa...

Anónimo disse...

Eu própria fujo a vacinas!!! E não é só a da gripe... Lol
Mas que já vi muita gente lá na farmácia a levá-la e que não pertencem a nenhum dos grupos de risco, lá isso vi...