terça-feira, fevereiro 27, 2007

HIV-1 and HSV-2, is there a link?

Saiu há dias um interessante artigo no New England Journal of Medicine (NEJM), sobre a possível influência da co-infecção peloo vírus herpes tipo 2 (HSV-2) na infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida de tipo 1 (HIV-1). Este artigo refere-se a um estudo epidemiológico realizado em África em mulheres que estavam infectadas pelos vírus HSV-2 e HIV-1.

Diversos estudos referem que indivíduos que sejam portadores do vírus herpes tinham até três vezes mais possibilidades de serem infectados pelo vírus HIV, enquanto que outros estudos referem também que a infecção por HSV-2 podia aumentar a quantidade de RNA de HIV-1 ao nível da mucosa genital. Os mecanismos que podem explicar estes dados são a afluência de linfócitos CD4+ às lesões herpéticas, ou mesmo a transactivação de genes HIV por algumas proteínas do HSV-2. Deste modo, o controlo da infecção por HSV-2 poderia ser um bom método para diminuir a incidência de casos de indivíduos infectados por HIV-1.

Este estudo experimental duplamente cego consistiu na administração a mulheres seropositivas para HIV-1 e HSV-2 de 500 mg de valaciclovir duas vezes por dia durante doze semanas. Foram definidos como parâmetros a controlar a presença, frequência e quantidade de RNA HIV-1 no sangue e na mucosa genital, e também o nível de DNA HSV-2 no sangue e a presença de úlceras genitais causadas pelo HSV-2. O grupo controlo recebeu placebo e as participantes no estudo foram aleatoriamente colocadas em cada um dos grupos.

Os principais resultados deste estudo são a diminuição da frequência de RNA HIV-2 na mucosa genital no grupo sujeito ao tratamento com valaciclovir (O.R. = 0,41), assim como uma diminuição da quantidade de RNA presente na mucosa genital. Também os níveis de RNA HIV-1 plasmáticos sofreram uma redução com o tratamento com valaciclovir. Para além disso, este estudo permitiu verificar que ao longo do tempo estes efeitos foram tornando-se cada vez maiores, ou seja, o número de episódios em que o RNA de HIV-1 foi detectado foi sendo cada vez menor, e também a quantidade detectada foi sendo cada vez menor.
Como o estudo bem refere, apesar destes resultados não terem uma implicação directa sobre o tratamento do HIV, podem melhorar a prevenção da infecção por HIV-1 (por redução da quantidade de vírus presente na mucosa genital), assim como auxiliar a acção da terapêutica anti-retroviral (visto que se obsevou uma redução nos níveis plasmáticos de RNA HIV-1).

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