segunda-feira, janeiro 15, 2007

Vírus, os nossos amigos??

Cientistas britânicos estão actualmente a investigar a utilização de alguns vírus no tratamento de neoplasias. Esta metodologia baseia-se na capacidade de alguns vírus poderem penetrar em células tumorais, e posteriormente causarem a morte da célula tumoral: a formação de várias partículas virais no local onde se situa o tumor e a infecção das células adjacentes poderá levar à destruição in situ do tumor, já verificada quando se injecta directamente os vírus no tecido tumoral (embora seja uma técnica de pouca utilidade prática).



O que é curioso nesta ideia de terapia é o modo usado para evitar que os vírus sejam detectados pelo sistema imunitário quando administrados na circulação: os vírus são quimicamente modificados e é-lhes adicionado um revestimento polimérico (provavelmente PEGs) que permite, por redução da hidrofobicidade, evitar o reconhecimento pelo sistema imunitário. São os verdadeiros “stealth virus”, semelhantes aos lipossomas stealth já nossos conhecidos. Este revestimento, aliado à imunossupressão causada pelo tecido tumoral nos tecidos adjacentes, permite que a infecção e replicação viral ocorram sem a interferência do sistema imunitário. Caso os vírus formados após a replicação nas primeiras células, e que já não possuem o revestimento polimérico, sejam encontrados na circulação sistémica, são rapidamente detectados pelo sistema imunitário e impedidos de actuar noutros tecidos saudáveis.

Os vírus mais prováveis para serem utilizados nos primeiros ensaios serão os adenovírus e o vaccinia, embora os autores do artigo não expliquem porquê (e eu também não tive possibilidade para procurar informação...).

Esta terapêutica, caso seja exequível, seria de grande utilidade para os estadios tumorais mais terminais, onde se encontram muitas metástases: como é o próprio vírus a reconhecer as células neoplásicas, a injecção dos vírus na circulação sistémica levá-los-ia directamente aos vários locais de acção (desde que acessíveis a partir da circulação sistémica).

5 comentários:

Andie disse...

Muito bem senhor Riacrdo! :P gosto de ver posts teus!

Os vírus têm que ser amigos o suficiente do nosso corpo para podermos criar imunidade quando já não têm a sua "protecção". E o que é que acontece se os vírus mutarem? não ha possibilidade de se tornarem mais virulentos?
já estou a sonhar demais não é?

bjinhos, bom trabalho e keep coming w/ those posts!

Anónimo disse...

Well, para o manito que se encontra em terras de francia, cá vai um comentário ao teu post... Aqui para nós que sabemos que não sei nada relacionado com saúde, isto de usar vírus para curar doenças é engraçado e, honestamente, parece-me muito inteligente: usamos os tipos de que nos queremos livrar para nos livrarmos de outros que também não nos fazem falta. É assim uma simbiose engraçada (se o posso dizer). Mas (há sempre um mas) não existem riscos associados a estas modernices? Claro que pergunto como total ignorante no assunto, mas quer-me parecer que outros ignorantes como eu também a farão ;)

E já agora aqui fica uma sugestão: estava a ver um programita de TV em que um senhor, defensor da alimentação vegetariana, dizia que existe uma associação entre a agressividade e as pessoas que consomem carne vermelha... Ora eu achei curioso, sim senhor, mas, claro, tive as minhas dúvidas sobre o dito estudo... A minha sugestão é a seguinte: não poderão vós, mentes brilhantes e de extrema bondade pela partilha de conhecimentos, elucidar-me e aos demais interessados, sobre a matéria?

Beijinhos e manito continua em grande ;)

Anónimo disse...

E ele diz muito bem. Existe uma associação. Só que associações há muitas. Mas o que acho que te intriga, se B é consequência de A ou vice versa, não necessariamente (e, neste caso, muito provavelmente não).
Isto é feito pegando em escalas de agressividade e comparando características do grupo agressivo, e do grupo não agressivo, entre as quais a alimentação. Só que a estatística tem muito que se lhe diga, e quem a conhece minimamente, sabe o quanto é possível brincar com ela até obter associações, mais ou menos óbvias. Mas causalidade entre 2 factos é preciso muito para o provar ;) Até porque não há grande plausabilidade biológica. Mesmo assim, vou tentar verificar se à saída do Chimarrão as pessoas tendem a mostrar menos paciência e mais agressividade umas com as outras.

Ass: the lone pharmacist

riacrdoo disse...

Exacto, depois de encontrar a associação é necessário encontrar o nexo de causalidade. E fico à espera dessa causa, que deve ser prodigiosa. Mas acho que o lone pharmacist deveria fazer essa pesquisa à porta do Chimarrão, e já agora informe o linezolide sobre o método para a análise da agressividade, como faria a selecção da amostra, e a análise dos resultados!! :D

Anónimo disse...

Well said.