domingo, setembro 24, 2006

VIII Curso de Farmácia Prática

Uma vez que já acabou o curso e que o meu colega e amigo Ricardo já postou a sua opinião acerca de um tema que tem a ver com este curso, achei por bem fazer uma pequena revisão destes 5 dias de farmácia prática intensiva.

Antes de mais, tenho que informar que só fui a 50% do curso, e ainda fui contemplada com uma falta de um dos "docentes". No entanto este pequeno texto de opinião vai incidir-se sobre aquilo que eu achei acerca deste curso, mesmo sabendo que posso ter tido o azar de ter assistido aos painéis mais "chatos" e desinteressantes.

De uma maneira geral considero o saldo pouco positivo. Positivo porque o curso relembrou algumas dicas boas para o modo de aconselhar e de lidar com o público. No entanto, em termos de matéria, relembrou poucas coisas, visto que não tínhamos falado praticamente nada ou muito por alto de alguns assuntos assentes nalguns painéis. Acabando por em cada painel se limitarem a debitar conselhos, a jorrar formas farmacêuticas, onde basta lermos os slides para ficarmos com o conhecimento em causa...
Mas fiquei surpreendida com alguns comentários de alguns farmacêuticos. Lembro-me de um que me surpreendeu imensamente, onde o sr dr estava a querer explicar-nos que uma utente apareceu-lhe com uma determinada afecção e que tinha ido a uma farmácia ali perto onde lhe dispensaram o medicamento errado. O sr dr não só questionou a inteligência da utente como nos contou o que lhe disse acerca da farmácia concorrente: "Olhe, vá à farmácia perguntar se eles sabem que não podem dar isto... / se eles sabem o que é isto ... ". A meu ver estava o sr dr a violar pelo menos dois artigos do código deontológico da OF...

Capítulo VI:

Artigo 36º

Os farmacêuticos devem manter entre si um correcto relacionamento profissional, evitando atitudes contrárias ao espírito de solidariedade, lealdade e auxilio mútuo e aos valores éticos da sua profissão.

Artigo 37º

No exercício da sua actividade, o farmacêutico deve, sem prejuízo da sua independência, manter correctas relações com outros profissionais de saúde.

Na minha opinião, acho que o curso deveria mesmo ser alargado em termos de vagas, acho que não se justifica a necessidade de haver limites de vagas. Seguramente conseguem arranjar mais alguns farmacêuticos com o bichinho de ensinar (nem que sejam só umas tardes), e certamente a qualidade do curso não iria ser afectada, uma vez que a partir deste ponto a qualidade só poderá manter-se... (pior não pode ser!)
Outra coisa que me fez confusão, foi a meia hora dedicada à apresentação da Avalon Medical, onde um rapazinho representante em Portugal desta empresa de Recursos Humanos, veio cantar-nos a história da carochinha sobre emprego no Reino Unido. Primeiro questiono a necessidade de nos falarem duma coisa a que só podemos participar uma vez concluído o curso. Segundo, se estamos num curso de farmácia prática para aprender sobre determinadas afecções, doenças e afins, no que é que se enquadra este "recrutamento" em massa e desleal? A meu ver, este tipo de palestra devia ser refundida ao carácter facultativo da presença do público, e não a este carácter de "impingir" a ideia a uns estagiários com ideias sobre o mundo profissional ainda em crescimento. OK, podem dizer que foi para nós termos ideia que existe a possibilidade de trabalhar no UK, mas por favor, esta informação a seguir à discussão sobre Automedicação e antes de falarmos de Contracepção?? Nada enquadrado...

Lamento imenso só ter frequentado fisicamente metade do curso, mas pelo que vejo dos slides daquilo a que não pude assistir, acho que não há grandes perdas... O curso de farmácia prática está claramente "overrated"! As suas limitações são mais que óbvias, e o facto de muitos dos profissionais tornarem as lições quase como aulas de farmacoterapia sob pressão, torna tudo um pouco mais enlatado do que o que devia ser.

2 comentários:

riacrdoo disse...

Ai Andie, que hoje vou discordar!

Eu sinceramente gostei do curso, e até achei que foi proveitoso. Como não tive as cadeiras de Farmacoterapia de Não Prescrição ou Cuidados Farmacêuticos, olhei para estes temas pela primeira vez com olhos de ver: havia sempre aspectos que valia a pena reter e deu-nos sempre ideias para saber como lidar com estas coisas na farmácia. E como nos davam sempre exemplos das especialidades farmacêuticas, deu uma ajudinha para começar a reter os nomes.
Houve realmente algumas coisas que me aborreceram:
1º - Os farmacêuticos deixaram passar a imagem que os utentes eram um pouco burros quanto à utilização dos medicamentos ("Escrevam sempre tudo nas caixas, que as pessoas esquecem-se de tudo");
2º - Realmente a história da Avalon estava um pouco deslocada num curso de farmácia prática;
3º - A publicidade na sexta à ANF, à Consiste, e ao Sifarma 2000 (o magnífico software, sobre o qual falaram a tarde toda, mas que só 50 farmácias num universo de cerca de 2500 associadas à ANF é que o têm...).
Já em relação aos oradores, deu para ter uma noção que são pessoas competentes e que sabiam do que estavam a falar, pelo que fiquei com boa impressão dos farmacêuticos que andam por aí (excepto uma jovem senhora, que disse que a (pseudo)efedrina era um anti-histamínico :O:O)
Voltando ao início, para quem como eu que não teve estas cadeiras, o curso sempre deu uma ajuda para lidar com estes casos na farmácia!

Anónimo disse...

Onde posso obter mais informações sobre a Avalon Medical?

Obrigada