quinta-feira, maio 29, 2008

A motivação

Ao ler os comentários aqui e aqui, achei que tivesse de partilhar o que vou apresentar no texto abaixo.

Talvez faça mal em falar de um caso particular, como é o meu exemplo. Talvez nem tenha nada de interessante a adicionar a este assunto. Mas por alguma razão, a mesma que me compele a querer apresentar esta minha opinião, acho mesmo que tenho de o fazer para trazer alguma informação que penso que até pode ser útil a quem ainda não se licenciou.

Licenciei-me da FFUL à quase um ano. Lembro-me de ter entrado no estágio a pensar "bom, agora vou tentar perceber o que é que quero mesmo fazer". É a coisa boa de termos de fazer estágio em farmácia comunitária e em farmácia hospitalar. Apesar do pouco tempo que temos para aprender e habituarmo-nos a tudo, penso que é tempo suficiente para fazermos uma ideia se gostamos ou não dessas opções. Depois do estágio, tive a oportunidade de sair de Portugal e ir "brincar" às investigações científicas com um grupo bem sério e bem respeitado do meio científico inglês. Foi lá que cheguei finalmente à conclusão de que aquele tipo de vida seria o mais interessante para mim. Relacionei tudo o que passei nesses meses com tudo o que vivi antes de escolher o meu curso, tudo o que aprendi nas diversas aulas durante o curso e quando já mais para o final fiz os 2 projectos [em fitoquímica]. Cheguei à conclusão que sou uma felizarda.
Eu escolhi Ciências Farmacêuticas na FFUL, como 1ª opção, num papel de candidatura que tinha outras 5 opções completamente diferentes. [por ex, engª agronómica, pois suspirava pela inovação na ciência de produção agrícola; ou química aplicada, pois sempre sonhei com síntese química; ou ainda engª electrotécnica, pois acreditava que conseguiria ser das engªs mais aliciantes em termos de futuro profissional]. Mas a razão pela qual pus CF 1º foi porque meti na cabeça que iria sempre para a indústria, criar novas respostas a problemas emergentes em termos científicos, em termos de investigação e desenvolvimento de novos fármacos.
Desiludi-me a meio do curso, pois descobri que isso era uma actividade pouco promovida no nosso país. Durante uns anos meti na cabeça que iria conseguir fazê-lo. Lembro-me quando entrei na Lusomedicamenta, SA, num curto estágio em 2006, e nos papéis das formulações de medicamentos nos dossiers dos produtos que essa empresa fabrica, vi as assinaturas dos "senior scientists" que confirmavam as formulações criadas. Pensei logo que era isso que seria o conceito de indústria para mim. Neste sentido, foi com agrado que vivi esses meses em Bath, todos os dias a meter na cabeça que vou conseguir ter um papel preponderante na ciência farmacêutica.

Reparei em duas coisas importantes: 1º a minha motivação realmente existe desde o primeiro momento em que me inscrevi na FFUL, e foi também por isso que me propus sempre em projecto [onde tive o maior prazer de trabalhar numa área como a fitoquímica, e de trabalhar com a Professora Maria José Umbelino e, na altura, a sua doutoranda]; 2º o curso na FFUL deu-me uma bagagem enorme, tanto em prática laboratorial como em teoria, para que eu possa pegar nisso tudo que aprendi e levar comigo para onde quer que queira trabalhar. [Embora eu ainda tenha tido até ao final do 5º ano o plano curricular estabelecido em 1989, já usufrui da conclusão do curso como Mestrado Integrado].

Isto são duas sensações que eu ADORARIA que todos os licenciados tivessem no final dos seus cursos. Tirar um curso não é só para fazer estatística, nem farol! :)

Até posso vir a desiludir-me com as minhas opções de agora (embora ache difícil, tenho de assumir a probabilidade). Agora sei bem o que não quero. E isso é importante.


[fui muito lamechas??] ;-)

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