sábado, fevereiro 02, 2008

Confusões ao balcão

Não é que eu queira de maneira alguma comparar o que vou aqui contar-vos às belas calinadas que a nossa amiga e colega teardrop nos deixa de vez em quando no seu blog.

Longe disso.

Mas são calinadas na mesma, de facto. Não vêm é de utentes mal-informados ou com ideias confusas sobre aquilo que pedem ao balcão. São talvez calinadas mais graves e preocupantes.

#1 - A um colega da farmácia veio parar-lhe às mãos uma receita que, de entre outros medicamentos, foi prescrito FuradantinaMC com a seguinte posologia: fazer em SOS.

Aqui sinceramente não percebo: é para fazer, caso tiver infecção urinária, e seguir a posologia recomendada?; ou é para ter em casa, e se sentir ardor, faz um e depois pára?
Eu quero acreditar que é para a pessoa começar a fazer só se tiver sinais mesmo de infecção instalada, segundo a posologia recomendada pelo médico. Mas fiquei com a dúvida e o meu colega também!

#2 - Já não é a primeira vez que me aparecem receitas de médicos pediatras, acabadinhas de vir do hospital, que apresentam antibióticos em suspensão e a seguinte posologia: conforme peso e idade.

Para ser sincera, não me custa nada fazer contas e se calhar ao fazê-las à frente dos pais e com o seu entendimento, os pais confiem mais no tratamento. Mas o que me faz mais confusão é ter confirmado com os pais da criança, invariavelmente, que a consulta foi muito rápida e sem grandes explicações acerca do tratamento. É que é uma coisa eles escreverem na receita este tipo de coisa, mas outra ainda mais grave é haver falta de informação verbal.

#3 - Ao mesmo colega foi-lhe apresentada uma receita com antibiótico e anti-inflamatório que ele prontamente aviou. Aquando da escrita da posologia nas caixas e sua explicação ao utente, este interrompe para dizer: "espere lá, o nome é meu, o médico é meu, mas eu não pedi nada disto! a minha receita deveria ser vastarel [e um medicamento para a HTA]!"

Isto são coisas importantes: as pessoas não têm tempo para ir ao médico para pedir os seus medicamentos; os médicos muitas vezes vêem-se obrigados a facilitar essa situação sem marcar consulta; resultado - confusões destas!

#4 - Com a modernice das receitas electrónicas, basta o médico inserir mal o número de utente para que venha outro nome de utente, embora lhe prescreva os medicamentos correctos. Já me aconteceu umas duas ou três vezes, e o assunto acaba sempre na necessidade da pessoa trazer nova receita.

A modernice trouxe vantagens, mas algumas dores de cabeça. Mas errar, de facto, é humano. É uma chatice quando temos de voltar atrás para resolver um erro de falta de atenção.

Certamente não é a primeira vez que aconteceram estes casos. O que é triste: significa que já estou à espera que aconteçam mais vezes. O que por sua vez mostra que o que está mal, tarde ou nunca se endireita...

4 comentários:

riacrdoo disse...

Pois, é por estas e por outras que a nossa profissão é útil.
Gostei particularmente da do antibiótico em SOS, é mau em todos os sentidos: seja tomar só um se tiver sintomas de infecção, seja ter em casa para reserva! Não tarda nada começamos a ter problemas mais graves de bactérias multirresistentes na população em geral...

Anónimo disse...

Bom post!
Só um pormenor, Vastarel n é medicamento para HTA, usa-se na profilaxia das crises anginosas. :)

Andie disse...

sim... por isso é que escrevi vastarel E um medicamento para a HTA; ou seja, a receita teria duas coisas supostamente...

:)

Anónimo disse...

ops, my bad =)