domingo, fevereiro 03, 2008

Ainda a lei anti-tabaco

Geralmente a minha manhã domingueira começa com a leitura do Expresso. E geralmente também tenho o hábito de ler o artigo do Miguel Sousa Tavares (MST).
Ora, desde o aparecimento da lei anti-tabaco (e mesmo antes de ela ser implementada), já MST escrevia sobre o assunto de modo muito crítico. E hoje a crónica semanal de MST vinha cheia de pérolas:
Um mês depois da entrada em vigor da lei totalitária contra os fumadores, o balanço político é totalmente favorável aos fumadores: aos olhos de qualquer pessoa de boa-fé, tornou-se evidente que a lei não visou apenas proteger os não-fumadores, mas também castigar os fumadores, tornar-lhes a existência diária infernal

Os fumadores perderam esta batalha na lei, mas ganharam-na politicamente. Há uma revolta geral, cívica e política, contra a lei, a que se juntam muitos não-fumadores que entenderam que o que está em causa é mais, muito mais, do que o direito a um vício: é o direito inalienável de cada um decidir sobre a sua saúde e os seus hábitos de vida, se isso só o implica a ele.

Vivemos um terrorismo sanitário, sabiamente inspirado pela indústria farmacêutica, que nos bombardeia diariamente com ameaças sobre a nossa saúde e a 'oferecer' os correspondentes remédios contra o tabaco, o colesterol, a tensão alta, a obesidade, ou os efeitos nocivos do sol.


É verdade, retirei as frases que me pareceram mais ilustrativas deste artigo com o meu próprio critério: aquilo que faz menos sentido.
Quando é que esta gente se convence que esta lei só veio ajudar a todos??
Bom, ao menos as "novas" PIDE não fazem uma coisa: censurar estes artigos e estas opiniões!

3 comentários:

Unknown disse...

Cidadãos saudáveis saem mais caros do que obesos e fumadores
Combater a obesidade e o tabagismo pode salvar vidas mas não poupa dinheiro, revelaram hoje investigadores, assinalando que acaba por sair mais caro cuidar de uma cidadão saudável que viva muitos anos.
Ou seja, o estudo holandês - publicado no boletim da Biblioteca Pública da Ciência Médica - mostra que, se uma pessoa viver mais anos, torna-se mais dispendiosa para o Estado.
No âmbito do estudo foram criados modelos para simular a longevidade de três grupos: os saudáveis, os obesos e os fumadores.
Os investigadores concluíram que, entre os 20 e os 56 anos, os obesos são o grupo que mais caro sai ao Estado. Porém, como os obesos e os fumadores morrem geralmente mais cedo, acabam por ser menos «pesados» para os Governos do que os cidadãos saudáveis, que vivem mais anos.
Por exemplo, se um fumador contrair cancro do pulmão, ele morre dentro de pouco tempo, enquanto se viver muitos anos pode vir a sofrer de Alzheimer, doença de «longo prazo» que fica mais cara ao sistema.
As conclusões contrariam o discurso político de que a obesidade iria custar milhões de euros aos Estados nos próximos anos mas, mesmo assim, a Associação Internacional para o Estudo da Obesidade defende que a doença deve continuar a ser combatida pela sua gravidade, ainda que possa não ter o impacto económico que se imaginava.
Diário Digital / Lusa
05-02-2008 0:10:00

riacrdoo disse...

Não sabia que os fumadores eram tão caridosos:

"Tão a ver? Até é bom a gente fumar! Ao menos assim a gente morre mais cedo e o Estado poupa dinheiro!"

Adorei o espírito de sacrifício: nós morremos mais cedo para vocês viverem mais tempo!

Sim senhor! Com argumentos de peso como estes, quem mais poderá dizer alguma coisa sobre o assunto??

Andie disse...

A indústria farmacêutica tem um papel muito destacado nesta situação: são quem desenvolve medicamentos e produtos para um mercado novo - os fumadores que querem deixar de fumar.

O lobby das farmacêuticas é a saúde. Sem a promessa de que melhoram a nossa saúde, não seriam indústrias. Não haveria mercado nem negócio. Mas não se esqueçam que a promessa vem da capacidade de produção de ideias e inovações de produtos.

Vendo a perspectiva apresentada no 1º comment realmente temos a questão vista de outro modo. Não vejo mal nenhum o estado ser consciente dos problemas de saúde mais tendenciosos no seu budget anual em saúde. Aliás, se estes problemas podem ser evitados mudando alguns factores, porque não incentivar a mudança?
A indústria tem uma "Win-win situation": vende produtos para quem quer deixar de fumar, e vende os medicamentos para curar as doenças de quem fuma.

E pergunto-vos: há algum mal nisto? Quando a indústria tabaqueira é quem originalmente teve a ideia de tornar mercado um vício, comprovadamente nocivo para a saúde, como o tabaco?

Cada um tem a sua sensibilidade para estas coisas, é certo. Devido a isso, é susceptível de maneira diferente do outro a todos os "bombardeamentos" de marketing, seja das indústrias dos vícios, seja das farmacêuticas.
Mas o problema do tabaco põe-se ainda de outra perspectiva. Ponto de vista esse que nenhuma indústria consegue resolver: os fumadores passivos. Só uma lei a proibir os fumadores de fumarem num espaço fechado, partilhado com não fumadores, é que pode prevenir as consequências que o fumo pode ter para os não fumadores!
Nenhuma indústria nos resolve este problema!
E na realidade, propaga-se assim o controlo do factor "fumo" para toda a população em geral. Para diminuir o número de doentes asmáticos, de DPOC, etc...