quinta-feira, maio 03, 2007

Mestrado Integrado

Pois é, este tema tem-me feito alguma confusão nos últimos tempos. E tudo pela falta de informação que temos (penso que posso falar no plural) sobre este assunto.

Para começar, um pouco de história: estava o actual sexto ano a terminar o seu último semestre de aulas (eramos nós o 5º ano), foi-nos garantido numa reunião na faculdade que não seríamos sujeitos a este processo de adaptação ao mestrado integrado. Isto porque este processo de adaptação exigiu a alteração da estrutura curricular do curso, com fusões de cadeiras e aparecimento de outras, e como nós no ano lectivo de 2006/2007 (ano em que a reforma entrava em vigor) já teríamos todas as cadeira feitas, ficaríamos de fora.
Houve então alguns colegas, que estando interessados em ter a sua licenciatura adaptada ao processo de Bolonha, prontificaram-se a fazer um abaixo assinado para pedir à FFUL a possibilidade de fazer a dita adaptação para os alunos que o solicitassem.

Porém, há algumas semanas atrás no final de uma acção de formação para os alunos estagiários (na qual não estive presente), as presidentes do conselho científico e pedagógico da FFUL vieram dizer que afinal seríamos também incluídos nesta reforma.

As minhas críticas em relação a todo este processo têm a ver com 3 pontos essenciais, que nunca foram totalmente escarecidos:

1º - O que é exactamente o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas? Até agora ainda não tive nenhuma resposta concreta sobre isto (se alguém tiver, comente este post sff), fico sem saber se é realmente um mestrado como os das outras licenciaturas, com o qual seria mais fácil aceder ao doutoramento; ou se é simplesmente um termo que se arranjou para designar as licenciaturas que necessitam de um tempo de formação mais longo. Ou seja, se posteriormente tenho ou não de fazer um outro mestrado para considerarem que tenho o 2º ciclo de Bolonha concluído.

2º - Até que ponto a nova fórmula de cálculo da média de curso vai alterar o valor final da minha média? Com a alteração da estrutura curricular do curso, posso ficar com uma média mais baixa do que a que teria anteriormente. Sou obrigado a sujeitar-me a esta situação? Ou existirá alguma manobra de diversão para me devolver a nota anterior?

3º - Exisitirá alguma "adenda" ao meu currículo onde venha totalmente explícito as cadeiras que realmente fiz? É que com a alteração curricular há várias cadeiras que desaparecem, e essas cadeiras podem ser importantes mais tarde na procura de um emprego. Por exemplo: se eu quiser concorrer mais tarde a um emprego na área da virologia, é muito mais importante ter uma cadeira específica de virologia que ter uns módulos numa cadeira mista de bacteriologia/virologia. Ou ficam como cadeiras extracurrículares?

Se estas questões foram discutidas e esclarecidas na dita reunião, era então importante que esta reunião tivesse sido pré-anunciada, e não simplesmente aparecerem num anfiteatro perto do vazio. Ou então, um mail ou outro qualquer meio pelo qual nos informassem destas alterações...
E se realmente, como disseram, foi uma batalha integrar o nosso ano na reforma, porque é que não nos perguntaram antes se nós estavamos mesmo interessados? Assim estamos todos a ser empurrados para uma coisa que ninguém sabe muito bem o que é!

E há mais: parece que a Direcção Geral do Ensino Superior decidiu voltar atrás em todos este processo, querendo reduzir o mestrado integrado anteriormente aprovado de 11 para 10 semestres! Ou seja, se isto ficar realmente como está, para o ano poderemos ter os actuais 4º e 5º anos a estagiar ao mesmo tempo... Coisa para mais de 300 alunos... Pergunto eu se existirá locais de estágio para esta gente toda!

8 comentários:

Andie disse...

ehe,bom post! na sondagem votei Mais ou Menos, mas devia ter votado Mal. enfim... sou mt optimista em relação à minha cultura. :)

Anyway, em resposta a uma das tuas perguntas. Eu acho que o mestrado integrado é uma ideia que basicamente vem dar um grau académico mais avançado que a licenciatura para aqueles licenciados em cursos que levam uma eternidade e que não reduzem o seu currículo. Ou seja, é um nome! Podes tirar um mestrado à antiga na mesma. Não te facilita a entrada para um doutoramento, porque a FCT já nos fez o favor (ou vai fazer, pelo que sei) de aumentar a média de acesso a bolsa para doutoramento para 17. ah pois é. PhD é para quem é Smart (como o carro).

Quanto à média, os cálculos podem baixar-ta ou aumentar-ta. Depende das notas (claro!) mas eu quero dizer que depende mesmo de cada caso... Não há alternativa: uma vez que foi aceite que o nosso ano fará parte do sistema do mestrado integrado, a nossa média será calculada como a dos colegas que se licenciam nos anos seguintes.

Uma maneira de solucionar o problema de não termos uma cadeira que é "totalmente nova" (nas palavras dos professores), Farmácia prática, se não me engano, foi corresponder a essa cadeira a nota que tínhamos aquando da escolha dos locais de estágio - aquela média que foi recalculada umas 10 x, lembram-se? :)

Essa notícia da DGES é maravilhosa. Muito provavelmente é uma decisão extra-DGES, mt acima deles, nao?

NA minha opinião, o sistema foi implementado à pressa porque o prazo de implementação estava a acabar, e fez-se tudo depressa para o cumprir. O pior é que muitas coisas foram mal pensadas e os erros vão continuar; as soluções continuarão a surgir... É um modelo dinâmico, como todas as reformas.

Tudo isto para bem da mobilidade do estudante universitário! Não se esqueçam deste "pormenorzinho"... ;)

riacrdoo disse...

Pois, mas estamos na mesma situação, temos poucas certezas!
Será que era assim tão difícil apresentar as coisas de um modo mais oficial? Um comunicado, onde viesse tudo explícito, uma reunião realmente convocada, ou outra coisa qualquer?
Eu acharia muito mais simples e muito mais esclarecedor...

Notas disse...

Meus amigos, por mais que quisesse e queira dar-vos uma resposta muito esclarecedora, isso é-me completamente impossível.
Uma grande trapalhada é o que isto é.
E eu estive lá nessa pseudo-reunião de informação/esclarecimento (ahahah) sobre a nossa integração no mestrado.

Concordo com o riacrdoo, uma sessão 'oficial' de esclarecimento impunha-se, especialmente para nós, 6ºano.
Enfim...

***

Andie disse...

Obviamente concordo convosco - uma sessão de esclarecimento está em falta.
Talvez fosse boa ideia comunicar isto à nossa AE, visto que é a ponte de ligação com os professores.

O ideal seria obter uma amostragem jeitosa nesta nossa sondagem para podermos justificar a necessidade de uma sessão esclarecedora sobre o tema. :) (Por isso, VOTEM! e divulguem!)
:)

Anónimo disse...

É o que dá deixar uma minoria que faz muito barulho falar por um ano em que muitos estavam contra o mestrado integrado.
É que a noção que há entre os farmacêuticos é que depois da reforma curricular o curso na FFUL ficou pior. E as pessoas da reforma (agora no 4º ano os da reforma pura, no 5º os da semi-reforma) vão sair cm mestres. Nós, os últimos licenciados em ciências farmacêuticas que podíamos ser reconhecidos facilmente como os últimos do bom currículo (muitas aulas práticas)somos os primeiros com a designação do mau currículo.
snif
Pelo menos posso-me rir a reler a carta que enviaram aos conselhos directivo e pedagógico a dizer que tínhamos sido abandonados... É por este tipo de personalidades que éramos sempre lixados nos exames.
enfim, vida de... farmacêutico

riacrdoo disse...

Verdade seja dita, eu assinei a carta porque queria ter a possibilidade, não a obrigação. Mas também não sei se foi a carta que deu origem a esta inclusão do nosso ano na reforma...

Mas o "anónimo" (que deve ser tudo menos anónimo, já que deve ser da nossa geração!) toca num ponto que eu acho importante: até que ponto é que os farmacêuticos vão achar que nós estamos pior preparados que os anteriores licenciados da fful... Já que o que vai aparecer no certificado ou diploma é o mestrado integrado... E nós conseguiremos dizer que não foi bem aquilo que estudamos??

Andie disse...

Sinceramente... muitos de nós já andam a trabalhar através dos contactos que estabeleceram durante o estágio (especialmente pela farmácia comunitária). Acham mesmo que isto vai ser um ponto fulcral na escolha? Quem é que, dos departamentos de recursos humanos das empresas que contratam farmacêuticos, sem ser de f. comunitária ou mesmo hospitalar, é que sabe qual é a diferença nesta denominação. E outra coisa, se há gente que deu a entender "a noção [...] que depois da reforma curricular o curso na FFUL ficou pior", então não deveriam promover o assunto dessa maneira. Senão vejamos, os farmacêuticos que se licenciam a partir deste ano só terão essa denominação / reforma! Vão quê? filtrar as opções?... Deixámos de ser competentes?
Nem tanto ao mar nem tanto à terra.

Eu acho que 1) os professores, apesar de terem agido em conformidade com o "abaixo assinado" em formato de carta ao conselho pedagógico, esqueceram-se de consultar muito mais os alunos do que aquilo que fizeram.
2) decidiu-se tudo meio depressa e não conseguiram explicar tudo como deve ser. Para não falar do espaço de tempo que essas duas acções tiveram entre elas...

Estes dois pontos é que me fazem considerar que esta mudança para nós foi mal-feita. Não posso deixar de dizer, no entanto, que mal a mal sempre temos só o "upgrade" para mestres, sem termos de fazer nada de complementar como os outros colegas dos 4º e 5º ano têm/tiveram de fazer.

Acho também que os colegas do 4º e 5º acabaram por sofrer muito mais do que nós, sem sequer ainda terem poder de escolha ou dizerem "não queremos nada disto". Eles sim, são as verdadeiras "vítimas" duma reforma implementada à pressa. Nós temos a vantagem (se assim quiserem pensar) de ter a anterior reforma e a adição de um grau de habilitação.

Bem, como nota final, quero só acrescentar que as reformas educativas (sejam elas no ensino primário ou superior) vão sempre dar que falar. Estamos sempre irritados e chateados; achamos que vamos sofrer as consequências.
Mais uma vez refiro que o me chateia são os pontos 1 e 2 que referi acima. Uma melhor informação e muita gente perceberia melhor as vantagens e desvantagens do mestrado integrado.

Beijinhos a todos, e comentem mais. É bom sinal para todos: para nós, que temos leitores; para os que comentam, podem expôr saudavelmente as suas opiniões! :)

teardrop disse...

Não tinha tido oportunidade de comentar este post na altura. Vim reler e observei a opinião do anónimo. Queria apenas referir que o anónimo aponta muitos aspectos importantes no que escreveu.