sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Orlistat como OTC - aprovado pela FDA

Uma das várias comissões formadas na FDA para avaliar as várias propostas e temas em debate que se põem nesta entidade americana reguladora de medicamentos, aprovou em Janeiro de 2006 a passagem de uma fórmula nova de orlistat para medicamento não sujeito a receita médica (nos USA, claro). No entanto, só a partir de 7 de Fevereiro de 2007 é que começou realmente a ser comercializada como tal.
Esta nova formulação, criada pela GlaxoSmithKline ® e que vai ter o nome comercial de Alli ®, tem uma dosagem mais baixa (60 mg - metade da existente no MSRM) que a formulação mais comum que conhecemos do orlistat - o famoso Xenical ® .
As razões deste medicamento passar a ingressar a lista de OTCs nos USA, acabam por se prender com o seu efeito marcado na diminuição de peso em obesos adultos. O orlistat actua por impedir a absorção de gorduras, diminuindo o aporte calório, por inibição da lipase pancreática. Sem a acção desta enzima, as gorduras não são hidrolisadas a ácidos gordos, fazendo com que estas sejam excretadas sem sofrer qualquer metabolização. É importante frisar que este tratamento só faz sentido quando há uma dieta rigorosamente bem pensada (por um médico nutricionista) como suporte de alimentação pobre em calorias e gorduras. Igualmente necessário é a existência de exercício físico regular praticado pelo doente.
A toma é sempre três vezes por dia, associando à refeição que contenha gorduras. Se a comida ingerida não conter gorduras, então a toma poderá ser omitida.
Visto por este prisma, entende-se o benefício em tornar esta molécula facilmente comercializada: sendo que a obesidade é factor de risco importante no risco cardiovascular e diabetes mellitus tipo 2.
Pelo próprio mecanismo de acção desta molécula, o que está seguramente inerente a este tratamento é a perda de absorção de alguns nutrientes (oligoelementos) que utilizam as gorduras para serem absorvidos. Neste caso, torna-se necessário associar ao tratamento um multivitamínico para compensar estas perdas.
Nem tudo são rosas! O orlistat tem efeitos secundários (como o que referi atrás) que incluem a flatulência e a esteatorreia (pela lógica da sua farmacologia). Além disso, é claramente contra-indicado em doentes diabéticos, e tem importantes interacções com medicamentos anticoagulantes e imunossupressores. Grávidas e mães em período de aleitamento também não devem tomar este medicamento.

Isto faz-me pensar em todos os suplementos alimentares que hoje em dia existem para este efeito - perda de peso. A publicidade é muito importante neste tipo de produtos, até porque depende muito dela para o seu sucesso. Esse tipo de produtos com essa finalidade, quase que poderia vender-se sozinho, se não fosse pelo vasto leque de oferta. Notei isto com a linha BioActivo ®, particularmente com o produto CLA (forte e Xtra). As pessoas começaram a questionar muito mais a sua eficácia e o modo de acção desde que o anúncio televisivo foi para o ar na tv. Senti uma necessidade em perceber melhor toda a linha e especialmente nestes produtos para o emagrecimento. Torna-se muito importante (sempre!) alertar para a importância de praticar exercício, de fazer dieta equilibrada e saudável, e lembrar que o processo de perda de peso é lento e muito progressivo. A importância do exercício físico e de fazer ou não dieta, implicava directamente no número de tomas (relativamente a estes produtos). Mas a consciêncialização é de facto o mais importante... o processo é mesmo lento e isto significa mesmo que num só mês não temos logo os melhores resultados possíveis. Claro que o orlistat é mais dirigido a utentes obesos, que acabam por reconhecer que necessitam de perder peso não só pela sua saúde mas para melhorar a sua qualidade de vida.


4 comentários:

riacrdoo disse...

A ideia apesar de tudo não é má, visto que a obesidade é um problema de saúde pública nos EUA. Mas resta-me uma duvidazita: as 60 mg (metade da dosagem do MSRM), serão elas eficazes? Será esta apresentação indicada para situações mais ligeiras de obesidade?

Andie disse...

Sim. A FDA aprovou exactamente essa dosagem, com base num relatório que comprova a sua eficácia.
Mas curiosamente, andei a investigar mais um bocadinho e descobri que este medicamento, na sua dosagem original de 120mg, é comercializado como OTC na Austrália.
Intriguing...

Andie disse...

As 60 mg devem ser para as pessoas não abusarem...? ;) vou descobrir isso!

riacrdoo disse...

Mas então se as 60mg são eficazes, porque é que andavam a vender com receita médica as 120mg? Se as 60mg sao eficazes e mais seguras, e até pemitem a comercialização como MNSRM...