quarta-feira, dezembro 27, 2006

Má-informação?...

Os antipsicóticos de segunda geração como a risperidona, a olanzapina ou a quetiapina são considerados como tratamento de primeira linha para a esquizofrenia, por apresentarem menos efeitos secundários de movimento (como a discinésia) que os antipsicóticos de 1ª geração. No entanto, estas novas moléculas não estão livres de efeitos secundários, apesar de serem melhor toleradas pelo organismo.

Os efeitos secundários deste grupo de medicamentos engloba o aumento de peso, a tendência para o aumento do colesterol e da glicémia. Como tal, muitos das indústrias que produzem e vendem estes medicamentos têm mesmo tido a precaução de avisar os doentes e todos os profissionais de saúde que estes factores são de risco por levarem ao aparecimento de diabetes tipo 2.

Mas o curioso é que a empresa Eli Lilly (r), produtora do famoso Zyprexa (r), conseguiu manter numa espécie de segredo que a olanzapina também tinha estes dois riscos associados ao seu consumo. Ensaios clínicos foram feitos, claro está, mas os resultados foram tratados de tal modo que fosse possível informar os médicos e os farmacêuticos de tudo o que o medicamento tem de bom e mau, excepto essa característica de aumentar a glicémia com a toma prolongada do antipsicótico. O que é extraordinário, como vem referido neste artigo aqui, é que os delegados de informação médica tiveram mesmo ordens para não mencionar estes efeitos secundários. A empresa queria primar com a sua molécula com a ajuda da omissão de factos. Nem tudo lhes correu bem, porque ao longo dos anos em que o medicamento já está no mercado, os médicos notaram que os seus pacientes, mesmo tomando o Zyprexa (r), estavam a ficar obesos e com tendência para a hiperglicémia.

Todos os factos negros sobre este medicamento conseguiram ver a luz do dia graças a um advogado que representa nos USA uma associação de doentes esquizofrénicos e que tomam este medicamento. Pacientes que já se tinham queixado várias vezes das consequências que o antipsicótico lhes infligiu mas sem qualquer resposta por parte da empresa.
Resta agora saber, como é que se vai resolver este problema. Por um lado, ao longo dos anos, os médicos (dos USA) foram deixando de prescrever este antipsicótico, por suspeitarem deste possuir os mesmo efeitos secundários que as restantes moléculas de segunda geração possuem.
Mas por outro lado, falta a parte da regulamentação que tem de agir depressa para se evitar um maior número de doentes mentais com risco de terem diabetes tipo 2.

1 comentário:

riacrdoo disse...

Eu gostava de saber onde andam os sistemas de farmacovigilância... Tem de ser um advogado a relatar casos de efeitos secundários? Não há profissionais de saúde?